
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta segunda-feira (19) que os casos recentes de gripe aviária no Rio Grande do Sul não devem causar impacto significativo no preço da carne de frango no mercado interno. Mesmo com a suspensão temporária das exportações para 17 países, o governo aposta na rápida contenção dos focos e na confiança internacional no sistema sanitário brasileiro.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva para atualizar a situação sanitária no país. Segundo Fávaro, a produção nacional é robusta e voltada majoritariamente ao consumo interno, o que deve evitar oscilações abruptas nos preços ao consumidor.
"Acredito muito mais em pequenas variações. Pode ter um excesso de oferta por 10 ou 15 dias, mas logo será redirecionado para outros países ou retomado por aqueles que flexibilizarem seus protocolos. Portanto, eu acredito muito mais na estabilidade", afirmou o ministro.
O Brasil é atualmente o maior exportador de carne de frango do mundo. Em 2024, o país comercializou 5,2 milhões de toneladas para 151 nações, gerando US$ 9,9 bilhões em receita, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Aproximadamente 35,3% de toda a produção nacional é destinada ao mercado externo.
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os principais polos de exportação, concentrando 78% dos embarques. Entre os maiores compradores estão China, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, União Europeia e Coreia do Sul — mercados que, juntos, respondem por mais de 60% do volume exportado.
Ministro Carlos Fávaro garante que surto de gripe aviária está controlado e não deve afetar preço do frango - Reprodução/ Lula Marques/ Agência Brasil
Ainda segundo Fávaro, o cenário atual difere de crises anteriores. Ele citou o caso da Doença de Newcastle, registrada em 2023, para reforçar a resiliência do setor. "Naquela ocasião, os preços não baixaram tanto. E agora, não acreditamos que a restrição vá se ampliar. Estamos confiantes de que será possível manter o foco restrito à área delimitada, com retomada gradual à normalidade em até 28 dias. Além disso, 70% da produção já é consumida internamente. Mesmo se todo o mercado externo fechasse — o que não ocorreu — ainda assim o impacto seria limitado", avaliou o ministro.
Suspensões temporárias
Até o momento, as exportações de carne de frango estão suspensas para 17 mercados. Sete deles — México, Coreia do Sul, Chile, Canadá, Uruguai, Malásia e Argentina — anunciaram a medida diretamente ao governo brasileiro. Outros 10 suspenderam automaticamente os embarques com base em acordos sanitários bilaterais: China, União Europeia, África do Sul, Rússia, República Dominicana, Bolívia, Peru, Marrocos, Paquistão e Sri Lanka.
Já países como Arábia Saudita, Japão, Emirados Árabes e Reino Unido optaram por limitar as suspensões apenas ao estado do Rio Grande do Sul ou ao município de Montenegro, onde foi confirmado um dos dois focos.
Nos Estados Unidos, a compra de ovos — setor em que o país é o maior importador do Brasil — continua normalizada. Apenas as exportações de material genético foram suspensas de forma preventiva.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério, Marcel Moreira, afirmou que o impacto nas exportações é, por ora, localizado. "A grande maioria dos protocolos prevê restrições apenas no raio afetado. E não há registro de estabelecimentos com certificação de exportação (SIF) em um raio de 10 quilômetros dos focos. Portanto, o impacto é zero até aqui", garantiu.
Casos sob monitoramento
Dois focos de gripe aviária foram confirmados até agora: em uma granja comercial na cidade de Montenegro e em um zoológico em Sapucaia do Sul, ambos no Rio Grande do Sul. O Ministério da Agricultura investiga ainda outras suspeitas no Tocantins, Santa Catarina e em outro ponto do próprio Rio Grande do Sul. Três suspeitas — em Mato Grosso, Sergipe e Ceará — já foram descartadas.
De acordo com o painel oficial de monitoramento do ministério, atualizado na noite desta segunda-feira, mais de 2 mil investigações foram realizadas desde 2023. Ao todo, 538 propriedades em Montenegro foram vistoriadas, sendo 310 somente no raio de 3 km do foco. Mais de 17 mil aves foram sacrificadas, e 70 mil ovos já foram destruídos.
O país também iniciou a rastreabilidade dos 30 milhões de ovos férteis que saíram da granja afetada nos últimos 28 dias. Todos os lotes estão sendo localizados e eliminados.
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Fonte: Agência Brasil