O hip hop, um movimento cultural que nasceu como voz da periferia e espaço de resistência, enfrenta muitos preconceitos em estados como o Piauí. Durante o podcast Voz Ativa, os artistas locais Yamazaki, Rashtag86 e Maninh relataram os desafios de serem reconhecidos e respeitados, especialmente diante da marginalização do gênero.
O preconceito se manifesta de várias formas, desde o olhar desconfiado da sociedade até abordagens policiais truculentas. O artista Maninho compartilhou experiências de "enquadros" policiais após apresentações nos ônibus da cidade. "A gente tava trabalhando, tinha acabado de rimar num ônibus, descemos e, na mesma hora, a polícia veio. Quando falei que era artista, riram de mim. 'Artista?'", desabafou.
Esse tipo de repressão não é isolado. Muitos artistas apontam que há uma percepção preconceituosa de que rodas culturais em praças públicas são frequentadas por "vagabundos". Como destacou um dos palestrantes: "A polícia deveria estar fiscalizando os bares e veículos onde acontecem irregularidades, não nos oprimindo por estarmos promovendo cultura."
A falta de incentivo do poder público também colabora para a manutenção desse estigma. O hip hop, apesar de tratar de temas como liberdade de expressão, igualdade e justiça social, não recebe a atenção necessária. "A gente tem que correr atrás de recursos por conta própria. Muitas vezes, realizamos batalhas com caixas de som simples, mas ainda conseguimos passar a mensagem", segundo Hashtag.
Além disso, o hip hop é frequentemente colocado à margem em uma cultura dominada por outros gêneros musicais. "Aqui, tudo que foge do forró enfrenta preconceito", afirmou Theúnia Pereira, anfitriã do podcast.
Apesar das dificuldades, o hip hop continua sendo uma ferramenta para redefinir caminhos. "Minha vida estava numa escuridão total, e o hip hop foi a ponte para a salvação", disse Hashtag, emocionado. Ele acredita que a cultura, além de oferecer uma alternativa para jovens em situação de vulnerabilidade, também combate estigmas e promove o desenvolvimento pessoal.
Confira a entrevista completa: