
A artesã Raimunda Teixeira, carinhosamente chamada de Raimundinha do Polo Cerâmico, é mais uma mulher inspiradora entrevistada pelo podcast Mulher Mais. Com uma vida de superação, a história da empreendedora se entrelaça com a da Cooperativa de Mulheres Artesãs do Poti Velho (COOPERART), onde já atuou como presidente, tesoureira e secretária.
Nascida em Teresina, Raimundinha se mudou para o bairro Poty Velho aos 11 anos. Sua família não vinha do artesanato: o pai era agricultor e a mãe vendia verdura no Mercado do Mafuá. "Quando eu cheguei aqui no bairro Poty Velho, as formas de gerar renda eram a pesca e a produção do tijolo comum. Como minha mãe nessa época já era viúva, a gente precisava trabalhar para ajudar ela na renda", conta.
Foi assim que Raimundinha e os irmãos começaram a trabalhar nas olarias. "Passei 22 anos da minha vida carregando tijolo. Em 1985, depois da grande enchente que alagou a Zona Norte quase como um todo, eu mudei para aquela rua onde hoje fica o Polo Cerâmico. Só que eu ainda continuava a trabalhar nas olarias", disse.
Mas o trabalho nas olarias não gerava grandes rendimentos. Raimundinha, que já era mãe de dois filhos, decidiu deixar as olarias e passou a vender lanche para os artesãos. Esse foi o seu primeiro contato com a arte.
"Tinha duas meninas que pintavam. Eu achava linda a pintura em tecido, acho que era um sonho que eu tinha desde criança. Eu sonhava em aprender a pintar, mas nunca tinha tido a oportunidade. E quando vi elas pintando cerâmica, me interessei e pedi que uma comadre me desse uma aula lá, e ela me ensinou a pintar em uma tarde", narra.
Assim começou a história de Raimunda no artesanato. Ela passou a comprar peças para pintar na mão dos artesãos. Com resto de materiais de construção, ela fez uma casinha de taipa em frente ao Polo, onde colocou suas peças para vender. "E aí eu vi que era bem melhor do que na olaria, do que vender lanches."
Raimundinha destaca que entrou no artesanato por necessidade, e foi a partir da mobilização entre os próprios artesãos que as coisas começaram a melhorar. Sem incentivo do poder público, os artesãos criaram uma associação para buscar apoio e parcerias. Com o suporte do Sebrae e do Senai, os artesãos começaram a se capacitar e diversificar as produções.
"Eu não consigo falar da Raimundinha se eu não falar do meu grupo, todo mundo cresceu junto. A gente conseguiu melhorar a qualidade de vida, conquistamos espaço no Polo, e hoje temos um espaço maravilhoso para expor, comercializar e produzir. O artesão saiu de dentro do barracão e passou a ter sua casa própria, com mais dignidade. Então hoje a gente consegue, com toda certeza, viver com dignidade através do artesanato", declara.
A entrevista completa está disponível no YouTube do Portal Piauí Hoje, assista: