O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) afirmou, em nota divulgada nesta quinta-feira (15), que o sistema de transporte público da capital está operando em situação crítica e que o preço ideal da passagem de ônibus deveria ser R$ 11, quase três vezes o valor atual, que é de R$ 4, congelado desde 2019.
Relatório do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), divulgado em janeiro de 2025, já havia indicado o valor da tarifa deveria ser fixado em R$ 9,80, mas isso considerando um cenário em que o sistema de ônibus da capital funcionasse de forma integral. O cálculo foi feito com base em dados de julho de 2023 e visava uma maior oferta de ônibus em circulação e redução do tempo de espera.
Segundo o Setut, a frota de ônibus foi reduzida em 30%. Antes da pandemia, eram 400 ônibus rodando. Atualmente, somente 270 ônibus circulam na capital.
Além disso, a entidade alega que a demanda de passageiros caiu 60% desde 2019. Na nota, o Setut também destaca que 40% das passagens são concedidas de forma gratuita, sem compensação financeira dos governos estadual e federal.
Mesmo com a manutenção do subsídio da Prefeitura, o déficit mensal do transporte coletivo seria de R$ 4 milhões. Por isso, a tarifa inteira deveria subir para R$ 11, para manter as operações em funcionamento.
Ainda, o sindicato destaca que, para o fim da crise no transporte público da capital, o sistema precisa passar por uma reestruturação operacional, além de uma revisão completa do modelo de financiamento e reformulação das gratuidades. "Sem essas medidas, novas crises serão inevitáveis, penalizando mais uma vez os trabalhadores, os usuários, as operadoras e a própria cidade", afirma o Setut.
Greve dos motoristas e cobradores
Nesta semana, motoristas e cobradores do sistema de transporte deflagraram greve, reivindicando reajuste salarial e melhoria nos benefícios de ticket alimentação e auxílio saúde. A greve foi encerrada após mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com uma proposta acertada bem abaixo do que foi inicialmente reivindicado pela categoria.
No final, a proposta acertada foi 6% de reajuste, R$ 650 de ticket de alimentação, R$ 125 de auxílio de saúde.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro-PI), Antônio Cardoso, disse que os valores acertados "não era o ideal que a categoria queria e que o Sintetro almejava", mas diante da greve ser considerada ilegal pela Justiça e pela ameaça de contratação de trabalhadores temporários, aceitar a proposta do Setut foi a melhor decisão.
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