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MEIO AMBIENTE

Tecnologias monitoram biodiversidade, árvores e ar da Amazônia

Monitoramento contínuo ajuda a avaliar se há sinais de alerta

Da Redação

Segunda - 13/01/2025 às 08:20



Foto: João Cunha/Divulgação Amazônia
Amazônia

Na Amazônia, os sons da floresta funcionam como uma orquestra natural, onde cada som tem um papel importante. O canto dos pássaros, o som da onça-pintada ao caminhar e a comunicação entre os pirarucus nas profundezas dos rios são apenas alguns exemplos dessa sinfonia. Quando algum desses "instrumentos" sai de sintonia, o descompasso é facilmente percebido. O biólogo Emiliano Ramalho, especialista em ecologia e biologia de onças-pintadas, usa essa analogia para explicar como o monitoramento dos animais é essencial para avaliar a saúde do ecossistema e detectar problemas.

Emiliano Ramalho coordena o Projeto Providence, que utiliza tecnologias como sensores de som e imagem para monitorar a biodiversidade amazônica. Espalhados pela floresta, mais de 40 sensores trabalham 24 horas por dia, fornecendo dados em tempo real. Ele afirma que essas tecnologias permitem a observação de comportamentos animais e espécies que seriam impossíveis de monitorar de outra forma, funcionando como um "sétimo sentido" para os pesquisadores.

Ramalho também acredita que a conservação das onças-pintadas é vital para manter o equilíbrio da floresta, e que a sobrevivência da onça depende diretamente da preservação do ambiente amazônico. Apesar da situação crítica, com o desmatamento acelerado, o biólogo é otimista quanto ao futuro, acreditando que, se houver uma mudança nas estratégias de desenvolvimento, ainda é possível salvar a Amazônia.

Outro cientista que usa tecnologias para estudar a Amazônia é Thiago Sanna Freire Silva, ecologista digital da Universidade de Stirling, na Escócia. Ele usa sensores Lidar para mapear grandes áreas da floresta em 3D e entender como as mudanças nos níveis de água, durante as secas e cheias, afetam o ecossistema. Com o aumento da temperatura e a redução da precipitação, as árvores podem ficar estressadas, afetando sua capacidade de crescer. Para Silva, o importante é adaptar-se às mudanças climáticas e prever como elas afetarão a floresta a longo prazo, para implementar estratégias eficazes de preservação.

Luciana Gatti, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), estuda o impacto das mudanças climáticas na Amazônia, especialmente em relação às emissões de gases do efeito estufa. Ela lidera um projeto que mede as emissões de carbono na floresta. A pesquisa revelou que áreas mais desmatadas da Amazônia emitem muito mais carbono devido à perda de umidade, que prejudica a fotossíntese das árvores. Isso transforma a floresta, que deveria ser um sumidouro de carbono, em uma fonte de emissões. Gatti acredita que, para evitar o colapso, é necessário interromper o desmatamento e investir na restauração florestal. Ela sugere, por exemplo, reduzir o rebanho bovino brasileiro em 44%, uma das principais causas do desmatamento e da emissão de gases de efeito estufa.

A série de reportagens sobre a Amazônia é parte da cobertura da Agência Brasil para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém em novembro de 2025. Essas histórias mostram o trabalho de cientistas e defensores da floresta que buscam formas de proteger a Amazônia frente às ameaças das mudanças climáticas.

Fonte: Agência Brasil

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