
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atua nos bastidores para abrir caminho a uma possível fuga de Jair Bolsonaro (PL) do Brasil, sob o argumento de que o ex-presidente é alvo de perseguição política. A interpretação, compartilhada por integrantes da Corte, é de que as recentes manifestações públicas de Trump e os movimentos do entorno bolsonarista fazem parte da construção de uma narrativa que visa justificar um pedido de asilo político nos EUA.
O alerta ganhou força após a série de declarações feitas por Trump em suas redes sociais, além do envio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual defende que o julgamento de Bolsonaro "não deveria estar acontecendo" e precisa "acabar imediatamente!". Em uma das postagens mais incisivas, feita na quarta-feira (9), o republicano escreveu. “Deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. Caça às bruxas!!!”. Três dias antes, ele já havia publicado: “Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo.”
Para os magistrados do STF, o tom das falas representa um gesto explícito de apoio a Bolsonaro e visa apresentar o ex-presidente brasileiro como vítima de perseguição política. A estratégia, avaliam, pode servir como fundamento para que os Estados Unidos concedam asilo ao político brasileiro, réu por tentativa de golpe de Estado.
Possibilidade de fuga
A possibilidade de fuga vem sendo considerada com seriedade por ministros da Corte, especialmente diante de indícios recentes. Um dos episódios lembrados por eles é a estadia de Bolsonaro na embaixada da Hungria em Brasília, onde o ex-presidente passou duas noites em fevereiro deste ano, logo após ter o passaporte apreendido pela Polícia Federal. A movimentação foi vista como um possível ensaio de evasão.
Além disso, a mudança do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos também chamou atenção. Em declarações públicas, o parlamentar passou a se referir a si próprio como “deputado em exílio”, o que, na avaliação dos ministros, reforça a tentativa de consolidar a narrativa de que a família Bolsonaro estaria sendo perseguida politicamente no Brasil.
Segundo informações obtidas pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, aliados de Bolsonaro relataram ao STF que o ex-presidente estaria em “estado de pânico” com a possibilidade de prisão. Os magistrados consideram que esse temor é alimentado pelo avanço dos processos judiciais, o que pode acelerar planos de fuga com respaldo político internacional.
Outro ponto levantado pelos integrantes do Supremo é o histórico de tentativas de Bolsonaro de se antecipar a eventuais ações da Justiça. Em dezembro de 2022, ainda durante o mandato, ele deixou o país antes mesmo da posse de Lula, afirmando posteriormente que teve um “pressentimento” de que enfrentaria problemas jurídicos no Brasil.
Réu por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro está sujeito à adoção de medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal, que incluem prisão preventiva, proibição de ausentar-se da comarca ou do país, recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, apreensão de passaporte e inserção em listas de controle migratório.
Para os ministros do STF, o momento é de vigilância. Eles consideram que qualquer movimentação brusca por parte de Bolsonaro ou de seus aliados pode representar um passo a mais rumo à fuga. O apoio declarado de Trump, tanto nas redes quanto por meio de carta a Lula, reforça o temor de que uma operação internacional esteja em curso para garantir proteção ao ex-presidente brasileiro fora do país.
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Fonte: Brasil 247