
Faleceu na madrugada deste domingo (20), em São Paulo, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin, aos 93 anos. O ex-dirigente estava em casa, na capital paulista, quando passou mal e foi levado ao Hospital Sírio-Libanês. Ele não resistiu e teve a morte confirmada às 3h30 da manhã. A causa oficial do óbito ainda não foi divulgada. O velório acontece neste domingo, entre 13h e 16h, na Funeral Home, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
Nos últimos anos, Marin enfrentava sérios problemas de saúde. Em dezembro de 2023, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e passou a viver de forma reclusa, sob cuidados médicos constantes. Seu estado de saúde era considerado delicado desde então, com internações frequentes e quadro clínico instável.
Ex-presidente da CBF
Nascido em 6 de maio de 1932, em São Paulo, filho de imigrantes croatas e criado no bairro da Mooca. Marin presidiu a CBF entre 2012 e 2015, período que incluiu eventos marcantes do futebol nacional, como a realização da Copa das Confederações de 2013 e da Copa do Mundo de 2014, ambas sediadas no Brasil. Sob sua gestão, a seleção brasileira sofreu a histórica derrota por 7 a 1 para a Alemanha, nas semifinais da Copa de 2014, no Mineirão.
Ainda durante sua presidência, a nova sede da entidade, inaugurada em julho de 2014, recebeu seu nome, homenagem retirada meses depois, em maio de 2015, após sua prisão na Suíça.
Marin foi detido em Zurique no âmbito da investigação do FBI que ficou conhecida como Fifagate, sobre corrupção envolvendo dirigentes da Fifa. Foi acusado de crimes como lavagem de dinheiro, fraude bancária e conspiração no esquema de venda de direitos de transmissão de competições internacionais.
Extraditado para os Estados Unidos, foi condenado pela Justiça americana e cumpriu parte da pena em Nova York. Em 2020, devido à idade avançada e ao estado de saúde, obteve autorização para retornar ao Brasil e cumprir o restante da pena em prisão domiciliar.
Trajetória política
Antes de sua atuação como dirigente esportivo, Marin teve uma longa trajetória na política. Formado em Direito, construiu sua carreira política nos partidos que sustentaram o regime militar, como a UDN e a Arena, e chegou a fazer discursos em defesa de figuras ligadas à repressão política, como o delegado Sérgio Fleury.
Marin iniciou sua vida pública como vereador da capital paulista, cargo que ocupou entre 1964 e 1970.
Foi eleito deputado estadual por cinco mandatos consecutivos, entre 1971 e 1979, atuando como defensor da linha dura do regime militar. Em 1979, assumiu a vice-governadoria do estado de São Paulo na chapa de Paulo Maluf, e, entre maio de 1982 e março de 1983, ocupou o cargo de governador interinamente, sendo o penúltimo governador indicado durante a ditadura.
Na década de 1980, Marin começou sua transição para o meio esportivo. Foi presidente da Federação Paulista de Futebol entre 1982 e 1988, e chefiou a delegação da seleção brasileira na Copa do Mundo do México, em 1986. Em 2008, assumiu a vice-presidência da CBF como aliado político de Ricardo Teixeira, a quem sucedeu em 2012.
Apesar de sua longa carreira, sua imagem pública também foi marcada por episódios polêmicos. Em 2012, durante a cerimônia de premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior, Marin foi flagrado embolsando uma das medalhas destinadas aos atletas, o que gerou ampla repercussão negativa nas redes sociais e veículos de imprensa.
José Maria Marin também teve passagem pelo futebol como atleta. Na juventude, atuou como ponta-direita por clubes como São Paulo Futebol Clube e Portuguesa Santista, nos anos 1950, sem grande projeção.
Com sua morte, encerra-se uma trajetória marcada na política, influência no futebol e envolvimento em um dos maiores escândalos de corrupção esportiva da história. José Maria Marin deixa esposa, um filho e dois netos.
Fonte: CNN e O Globo