O título da crônica poderia também ser: o tirano emporcalhado, o torturador mambembe, o bobo ridículo da nação, o inimigo número um da paz, pau mandado de banqueiro, o miliciano mentiroso, o herege sanguinário, ... O paladino da morte.
Eu próprio destilando severidade de linguagem e acelerando a leveza da crônica? Pesados tempos, estes, de ódio desabrido, cuja dureza clama, sim, por gritos altos de denúncia e radicalidade esperançosa da travessia mais rápida para o tempo da Paz.
Muita violência em várias partes do mundo. No Brasil, esse flagelo parece aumentar naquela escalada de que, depois do pior, vem o pior ainda. Uma era dita Iluminista aqui nesta banda, tem-se que o Estado, pessoa jurídica, é o detentor da força e violência legal. Degenerou o Estado brasileiro, paraíso da privataria e de sua violência corrupta.
Dirigido por governo alçado ao poder como parte de uma trama que violentou, os ritos institucionais constitucionalizados, no Brasil, os que se fizeram chefes da República, agem diariamente para consumar mais golpes, sem hesitar o emprego da força bruta contra o povo desarmado.
Não se pode negar que a retórica e a própria realidade do “bandido bom é bandido morto” domina o espírito e os feitos de parte não pequena da população. E quando é tempo de eleição se torna um chamariz perfeito para a demagogia cabalando eleitores amedrontados, pasto de ditaduras viçosas.
Há candidato que pediu e pede voto mentindo que acabaria a “praga da violência” se todas as pessoas tivessem uma arma em punho. Candidato que nas mesas do poder se torna intermediário dos fabricantes de armas. Capatazes das guerras contra a maioria da população.
As manifestações de ódio neste momento do 2022 real, cumprem também um papel eleitoral de amedrontamento, repita-se. Medo infundido? Medo infundado?
Medo infundido, sim; medo infundado, não. Medo infundido, porque exalta e anima o espírito de ferir, matar, injuriar, dos propensos a tanto e que consegue paralisar o ânimo de muitos, levados ao desânimo recolhido e impotente. E não é medo infundado porque são reais os crimes das “milícias” do ódio, de todas as espécies e que devastam a civilização.
A ideologia do “fazer justiça com as próprias mãos” é no Brasil uma manifestação herdada, e nutrida, no corpo social, revelando um déficit civilizatório assustador. Espantoso como isso se dá numa ambiência de formação cultural cujo sinal e referência mais eloquentes estão em Jesus de Nazaré, este anjo da paz reconhecido e amado.
Mas o espanto se dissipa em constatação razoável quando relembramos o déficit de prática e cultura democrática que mantém na treva da ignorância política milhões de brasileiros.
A propósito, semana passada, parte da mídia brasileira anotou burocraticamente que um anticristão mortociata famoso, negociante de armas e fazendo propaganda de si, afirmar que o próprio Jesus só não comprou “pistola” porque não existia esse artefato no tempo dele.
E por que no Brasil é tão insistente a violência? Porque é matéria valiosa na determinação de quem vai continuar tendo em mãos o poder de saquear riquezas ainda abundantes de sua natureza e da energia criadora de sua gente.
A violência como método não tem novidade nenhuma na construção e sobretudo na manutenção das tiranias e ditaduras.
O nível de articulação do despotismo antinacional com a agiotagem suja internacional parece nunca foi tão cruel depois das aclamações ensaiadoras de separatismo de 1822. Mesmo no Império, dirigido por ramos das monarquias luso-austríacas, o caráter patrício-nacional foi mais honrosamente defendido.
Os crimes contra o Brasil; os crimes contra os trabalhadores, os nativos; a devastação assassina das matas, rios, mangues e brejos, abelheiros; o húmus envenenado; os crimes que destroçam projetos de liberdade; a rigor, são a plena realização do projeto e objetivo central dos que tomaram o Poder no Brasil para o proveito continuado da renitente colonização.
Leia também
Celso, um forte, qual jacarandá