Proa & Prosa

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Nas pedreiras

Dom Jacinto, o arcebispo deste nosso tempo, aqui chegou em 2012, também vindo do Maranhão.

Fonseca Neto

Quinta - 27/01/2022 às 08:04



Foto: Divulgação Nas pedreiras
Nas pedreiras

Quem? Dom Jacinto 2º, 9º bispo da diocese do Piauí/Teresina e 7º arcebispo de Teresina. 

Segundo, por que o Piauí estivera sob o governo episcopal de outro príncipe da Igreja assim chamado, há 240 anos: Dom Jacinto Carlos da Silveira (1779 a 1780), quando o bispo de São Luís governava o Piauí.

Dom Jacinto, o arcebispo deste nosso tempo, aqui chegou em 2012, também vindo do Maranhão. Ele é uma pedra angular profundamente entranhada no chão do edifício cristão sertanejo. E digo isso por entender que a parcela da cristandade que vive no Piauí e faz sua Igreja particular é uma forja amoldada a meio caminho entre o Maranhão, Pernambuco e Ceará.

Filho do vale do Mearim, de Inês Ribeiro e Pedro Furtado de Brito, nascido em 1947. Para a vida civil, Pedro batizou o filho homenageando um seu irmão sanguíneo ao escolher o nome, Jacinto. Um ato de notável apelo fraterno. 

Antes do ingresso na experiência seminarial, Jacinto estudou na póvoa natalícia, Bacabal. Antes de completar 16 anos, começa seus estudos formais rumo à formação para o sacerdócio. Paraíba, São Luís, Fortaleza, Recife, com mais um “ano pastoral” na própria Bacabal e estava canonicamente pronto para receber “a sonhada ordenação presbiteral”. Esta ocorreu em 15 de janeiro de 1972. Estando bonito para chover, em Bacabal, a celebração deu-se no recinto do Salão Paroquial, “e não em praça pública, como previsto e preparado”. Bênção, sem dúvidas. Um privilegiado litúrgico: 17 bispos na ordenação “e mais de 30 padres”. Ato de ordenação presidido por Dom Pascásio Rettler.

Já no dia 19 de março seguinte, padre Jacinto assume a paróquia de São Benedito, da vizinha mearã cidade de Pedreiras, da qual será o titular até 1994. De lá saiu para uma virtuosa passagem pelo multissecular Seminário de Santo Antonio, reitor, então no formato Interdiocesano, quando foi nomeado e sagrado bispo, em 1998, da diocese de Crateús, Ceará. O arcebispado de Teresina é o seu destino episcopal  seguinte. Está entre nós e gosta de estar entre nós, aqui, na capital parno-potiana do Piauí. 

E nestes dias, o filho-bispo de Bacabal anda muito radiante por seu Jubileu sacerdotal, completado no último dia 15 de janeiro: 50 anos de padre! Dom Jacinto exulta com essa efeméride em sua vida virtuosa. 

Recorda ele que, no referido “ano pastoral”, “o jovem universitário baixou no chão do povo e conviveu com a Igreja da base e não das belas teorias!” Pois essa orientação seguiu, à risca. Feito padre, levantado do chão sacro do solo da ordenação, logo foi designado pároco, e, em Pedreiras, por 22 anos, liderou uma igreja paroquial derramada de amor por seu pastor. 

Tão forte, Pedreiras, lugar e povo, deram sentido a ele, que não saberia, como não soube, celebrar o Jubileu 25, e este dos 50 anos, longe da paróquia de São Benedito, sentindo o pulsar cordial de seus milhares de batizandos, esponsais, comungantes, amigos, enfim. Enfim, ainda que arcebispo de grande metrópole, no coração nada de pedra dos pedreirinos, a rés do chão cristão, pulsou, pétrea, a vocação do garoto de frei Solano.  

Aqui, Cidade Episcopal, o clero dedicado somou-se ao Sucessor dos Apóstolos em Teresina, num almoço com ele, uma ceia fraterna, com padre Marcelo Barros, vindo de longe. E na catedral celebrou, despojado, quanto solene, o sacrifício eucarístico.  

Da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios, a lembrança da condução em vasos de argila da Luz vencendo a treva. Ação de Graças, entre os cantos, talvez o que mais fervor ecoa o tempo cinquentário do padre Jacinto: “O desejo de ver-te adorado...”. 

Maria Inês Ribeiro, mãe do bispo, viva presença mariana a enlevar os atos celebrativos.     

    

Fonseca Neto, historiador, Cadeira 1 da APL. 

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Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.

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