
Passar uma semana com o Volkswagen ID.4 em São Paulo, exclusivamente em trechos urbanos, permitiu compreender com clareza os avanços e as limitações atuais da mobilidade elétrica no Brasil. O modelo, oferecido unicamente por assinatura através do serviço VW Sign\&Drive, é tecnicamente eficiente, mas ainda enfrenta barreiras estruturais e comerciais que afetam sua adoção mais ampla.
A avaliação se deu entre compromissos profissionais, deslocamentos cotidianos e uma rotina marcada por trajetos curtos, engarrafamentos e paradas constantes. Nesse contexto, a proposta do ID.4, que é o primeiro SUV elétrico da Volkswagen, mostrou sintonia com as demandas urbanas, principalmente pela direção confortável, bom espaço interno e rodagem silenciosa. Mas a autonomia limitada a 370 quilômetros, mesmo com recarga rápida, reforçou uma preocupação recorrente: a dificuldade de confiar em viagens mais longas.Lançado globalmente no primeiro semestre de 2021, o ID.4 é o primeiro modelo da marca baseado na plataforma modular MEB, projetada exclusivamente para veículos elétricos. No Brasil, é oferecido apenas na versão Pro Performance, com motor traseiro de 204 cavalos de potência, tração traseira e bateria de 77 kWh. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 8,5 segundos, e a velocidade máxima é de 160 km/h.
A bateria está instalada sob o assoalho, o que ajuda no equilíbrio do conjunto e no espaço interno, que é generoso. Com 4,58 metros de comprimento, o SUV tem entre-eixos amplo e bom aproveitamento interno. O porta-malas varia entre 543 e 1.575 litros, conforme a configuração dos bancos. Mesmo com distância ao solo de 21 centímetros, que o torna apto para situações leves de off-road, optei por não testar esse recurso, por considerar que o modelo é, acima de tudo, urbano.
O uso diário reforçou essa característica. A direção elétrica responde bem, os assistentes de condução, como controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa e frenagem automática de emergência, funcionam de forma integrada. O sistema de ar-condicionado digital em três zonas e os faróis em LED com tecnologia IQ.Light também atuaram com eficiência nas variações climáticas e luminosas da capital paulista.Um ponto de destaque é a central multimídia com tela de até 12 polegadas, controle por voz e integração com o sistema de navegação Discover Pro. A interface é limpa, com poucos comandos físicos. A faixa luminosa ID.Light sob o para-brisa e o head-up display com realidade aumentada complementam o ambiente tecnológico, embora demandem certa adaptação inicial.
A recarga, mesmo com a tecnologia DC de até 150 kW que permite alcançar 80% da carga em 40 minutos, exigiu planejamento. Apesar do crescimento contínuo de eletropostos no país, ainda é necessário localizar previamente pontos compatíveis e disponíveis, o que inibe deslocamentos mais longos. Por isso, mesmo com a autonomia teórica da bateria, mantive a avaliação apenas em ambiente urbano.
Outro aspecto relevante é o modelo de comercialização adotado pela Volkswagen. O ID.4 não é vendido diretamente. Está disponível apenas por meio do serviço VW Sign\&Drive, com assinatura mensal a partir de R$ 4.990,00, no plano de 24 meses, com franquia de 1.500 quilômetros mensais. O veículo é sempre modelo 2023, com IPVA, manutenção e seguro incluídos no pacote. Essa abordagem limita o público-alvo, uma vez que não contempla consumidores que desejam adquirir o carro de forma convencional. A assinatura garante conveniência e previsibilidade de custos, mas não atende quem busca investimento patrimonial ou tem perfil de uso mais variável.
Durante a semana de uso, o ID.4 entregou o desempenho esperado no cenário urbano, com eficiência energética, conforto e tecnologia embarcada. Mas a experiência reforçou que, no atual estágio da infraestrutura brasileira, veículos elétricos ainda exigem planejamento rigoroso. Por esse motivo, para viagens mais longas, sigo optando por modelos híbridos ou a combustão, que oferecem maior flexibilidade diante das incertezas da rede de recarga.Entre os pontos positivos do ID.4, destaco a dirigibilidade adaptada ao ambiente urbano, o espaço interno e o bom pacote de assistência à condução. O ponto que merece revisão é o modelo comercial, restrito à assinatura, o que dificulta a ampliação da base de consumidores. A tecnologia está pronta para o dia a dia, mas a estrutura ao redor dela ainda precisa avançar.
Notas Rápidas, por Sérgio Dias
Volvo lança primeiro ônibus biarticulado elétrico do mundo
A Volvo celebrou, na fábrica de Curitiba (PR), a produção do primeiro chassi de ônibus biarticulado elétrico da marca, o modelo BZRT. Desenvolvido no Brasil, o veículo marca um avanço na eletromobilidade e amplia as soluções para transporte urbano sustentável.
Com 28 metros de comprimento e capacidade para até 250 passageiros, o veículo é uma alternativa de alta capacidade ao metrô, com custos de implantação reduzidos e zero emissão de CO2. “O início da produção no Brasil marca um passo importante no compromisso da Volvo com a descarbonização dos transportes. Temos a meta de zerar as emissões de CO2 até 2040, e a oferta de ônibus elétricos é parte dessa iniciativa”, afirma André Marques, presidente da Volvo Buses na América Latina.
Harley-Davidson revela Fat Boy Gray Ghost e amplia a coleção Icons
A Harley-Davidson anunciou a nova Fat Boy Gray Ghost, uma motocicleta de produção limitada dentro da série Icons Motorcycle Collection. O modelo celebra os 35 anos da Fat Boy e traz um acabamento inédito denominado Reflection. A empresa confirmou que apenas 1.990 unidades serão fabricadas globalmente, número que faz referência ao lançamento do modelo original em 1990. No Brasil, serão disponibilizadas apenas 18 unidades a partir de junho.
Brad Richards, vice-presidente de Design da Harley-Davidson, explica o impacto do modelo na história da marca: “A Fat Boy original modernizou totalmente o visual da Hydra-Glide de 1949 para uma nova geração. Era a união do DNA pós-guerra da marca com o design industrial contemporâneo.”
GWM desafia concorrência com novos investimentos no Brasil
A GWM confirmou o início da produção nacional em julho de 2025, com três modelos e uma capacidade inicial de 50 mil unidades por ano. A operação será instalada no interior de São Paulo e, segundo a montadora, a expectativa é de crescimento gradual até alcançar 100 mil veículos por ano, ampliando sua atuação na América Latina. Além disso, a instalação da fábrica permitirá a geração de empregos diretos para mais de dois mil trabalhadores e a estruturação de um centro de pesquisa e engenharia no Brasil.
Além da produção inicial, foi confirmado um segundo ciclo de investimentos no Brasil, previsto para ocorrer entre 2027 e 2032. O aporte financeiro será de R$ 6 bilhões, além dos R$ 4 bilhões já aplicados na reativação da fábrica e estruturação da marca. O objetivo é ampliar a produção e fomentar a pesquisa de novas tecnologias automotivas, promovendo o desenvolvimento da cadeia local de fornecedores.
Bosch amplia produção no Brasil com foco em agronegócio, mobilidade e formação técnica
A Bosch encerrou o ano fiscal de 2024 com R$10,8 bilhões em vendas na América Latina, sendo o Brasil responsável por 77% do total, com R$8,4 bilhões. A empresa, que emprega cerca de 10 mil pessoas na região, registrou crescimento de 12% no período.
A partir de 2025, a operação brasileira assumirá o papel de Centro de Competência Global da Bosch em tecnologias para agricultura inteligente. A estratégia abrange soluções digitais e automatizadas de plantio, fertilização e pulverização. “Estabelecer o Centro de Competência Global para o agronegócio no Brasil traz ainda mais oportunidades de desenvolvimento tecnológico para o país”, afirmou Gastón Diaz Perez, CEO da Robert Bosch América Latina.
Cultura do seguro auto não está presente na rotina dos jovens
A OON Seguradora defende a importância de educar os jovens sobre seguro auto desde o início da experiência ao volante. “Quando alguém com idade entre 17 e 20 anos está se preparando para tirar a licença de condutor, temos o momento ideal para discutir esse tema dentro de casa. Uma apólice bem escolhida pode ser sinônimo de uma boa noite de sono”, afirma Wellington Jones, CMO da empresa.
Dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) indicam que 20,1 milhões de veículos no Brasil contam com cobertura securitária, o que equivale a apenas 30% da frota nacional. Os números reforçam que grande parte dos motoristas circula sem qualquer tipo de proteção contra sinistralidades.
Segundo Jones, o tema deveria ser abordado desde as primeiras experiências de condução. “Quando contratamos uma apólice, nosso desejo é nunca ter que usá-la. No entanto, sabemos que os imprevistos acontecem. Além de estimular a prudência no manejo dos veículos, é imprescindível desenvolver a consciência de que o sinistro é uma possibilidade”.
Alex Pereira assume cargo estratégico na SKF Brasil
A SKF, empresa global dos setores automotivo e industrial, anunciou Alex Pereira como managing director no Brasil para o Mercado Industrial. O executivo, que possui mais de 20 anos de experiência na companhia, anteriormente ocupava o cargo de diretor de Vendas e Serviços do mesmo segmento.
“É com orgulho e senso de responsabilidade que assumo o cargo de managing director para o Mercado Industrial da SKF do Brasil. Minha experiência na empresa me proporciona ter uma visão clara dos desafios e oportunidades do setor. Estou certo de que, com o apoio de nossa equipe, vamos continuar a crescer de forma inteligente, utilizando a tecnologia da SKF para oferecer soluções sustentáveis e de alta performance para nossos clientes”, afirmou Pereira.
Dekra inaugura laboratório de testes e fortalece atuação no Brasil
A Dekra, empresa global de certificação e inspeção, anunciou a inauguração de um novo laboratório de testes em Atibaia, São Paulo. A estrutura, que será oficialmente lançada em maio, tem como objetivo expandir a oferta de serviços voltados a fabricantes de produtos dos setores automotivo, telecomunicações, iluminação e eletroeletrônicos.
O espaço abrigará equipamentos de última geração, ampliando as possibilidades de avaliação técnica para diversos segmentos. “Nosso know-how alemão é o alicerce da nossa expansão no Brasil. Este novo laboratório reforça nossa capacidade de entregar resultados de alto nível técnico, sempre com a confiança que nossos clientes esperam”, afirma Marcos Zevzikovas, Diretor de Certificação e Testes de Produtos da Dekra Brasil.
Motoristas responsáveis recebem reconhecimento especial da Iveco
A Iveco anunciou sua participação no Maio Amarelo por meio de uma ação voltada à valorização de motoristas que mantêm um histórico de direção segura. A iniciativa, coordenada pela equipe de Customer Service da montadora, está integrada ao Programa Bom Condutor, promovido pela Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN), vinculada ao Ministério dos Transportes.
Durante o mês de maio, motoristas que levarem seus caminhões à Rede de Concessionárias Iveco e possuírem o selo de Bom Condutor — concedido àqueles que acumulam 12 meses sem infrações — receberão brindes em reconhecimento à conduta responsável no trânsito.
“A segurança no trânsito deve ser uma prioridade constante. Ao aderirmos ao Maio Amarelo com uma iniciativa voltada aos motoristas responsáveis, buscamos reconhecer aqueles que já desempenham seu papel e, ao mesmo tempo, inspirar outros condutores a adotarem práticas mais seguras e conscientes nas estradas”, afirmou Bernardo Brandão, diretor geral de Customer Service da Iveco para a América Latina.
Jeep oficializa produção do Avenger no Brasil a partir de 2026
A Jeep anunciou que começará a produzir e comercializar o Avenger no Brasil a partir de 2026. A decisão integra a estratégia da montadora de fortalecer sua presença no mercado nacional e ampliar sua gama de veículos fabricados localmente.
O modelo será produzido ao lado de Renegade, Compass e Commander, consolidando a marca entre os principais fabricantes de SUVs no país. Com essa ampliação, a Jeep busca atender à crescente demanda dos consumidores brasileiros e manter sua relevância no segmento.
Bravo Logística fortalece gestão de supply chain com nova diretoria
A Bravo Serviços Logísticos anunciou uma nova movimentação estratégica na liderança. Tatiana Kimura Braghini assume a diretoria de serviços 4PL, modelo em que uma empresa terceiriza integralmente a gestão da cadeia de suprimentos a um parceiro externo. A decisão acompanha o crescimento da companhia e sua busca por inteligência logística e diversidade nas lideranças.
Para o CEO da Bravo, Marcos Vilela, a nova diretora traz experiência e visão estratégica essenciais para fortalecer as operações e o relacionamento com os clientes. “Tatiana traz consigo uma combinação de experiência profunda no setor, visão estratégica e uma abordagem de liderança centrada nas pessoas. Acreditamos que sua nomeação não apenas fortalecerá nossas operações e a relação com nossos clientes, mas também inspirará e abrirá caminho para mais mulheres em posições de gestão dentro da logística”, afirmou.
Fonte: Sérgio Dias
