Olhe Direito!

Sobre ver e sentir o Piauí


Cânion do Poti

Cânion do Poti Foto: Divulgação

Eu sou um piauiense nascido em Teresina, que se formou na Faculdade de Direito do Recife, morou no Rio de Janeiro e que por razões de trabalho e de representação institucional, percorreu boa parte do Brasil em congressos, reuniões de trabalho, eventos jurídicos os mais variados. Fui levado pelas circunstâncias a andar pelo país – às vezes de modo breve, às vezes com tempo para olhar com mais tempo a ponto de quase conhecer os lugares visitados.

Diante do fato de que, por razões profissionais ou por desejo próprio, pode-se viajar muito para fora de nosso Piauí, parece que uma boa parte das pessoas com as quais travamos conhecimento não se interessa em conhecer mais de perto o nosso Estado – com exceção da faixa litorânea, para onde se dirigem piauienses de todos os lugares, desde muito cedo em suas idades.

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Viajar pelo Piauí, excluído o litoral, não é algo que alguém possa fazer pelo desejo de conhecer. Vai-se como volta a uma terra onde estão os ascendentes ou porque se precisa trabalhar – criando-se a ideia ruim de que certos destinos só se vão a negócio ou que determinados lugares são um fim de linha. Isso cria uma ideia inadequada – para não dizer preconceituosa – sobre a imensidão que lugares piauienses aos quais os piauienses não vão ou se vão são uns poucos que mais se parecem aventureiros que turistas

Digo isso, sobre as viagens serem mais aventuras que turismo, porque faz tempo que, por obrigação e não por prazer, caminho pelo Piauí. Não reclamo disso porque sempre fiz os percursos rumo aos pontos mais distantes de minha terra para cumprir obrigações profissionais ou compromissos institucionais que me fizeram ver de perto as pessoas e as suas realidades, as paisagens naturais, as cidades e suas construções. Deu-se para mim aprendizado.

Estamos, é verdade, distante de oferecer muito além que os atrativos naturais para um visitante que se dirija às mais diversas regiões e paisagens naturais do Piauí – e olhe que em passado recente, talvez de apenas duas décadas, havia problemas ainda maiores para fazer das atrações um produto turístico, ou seja, algo que uma pessoa pague para ver ou visitar.

Vejo que temos dezenas de lugares para os quais uma pessoa poderia ir em âmbito do estado do Piauí, como lagoas e barragens com gigantescos lagos artificiais, trilhas em parques e reservas naturais, mirantes para visões de tirar o fôlego de norte a sul do Estado, cachoeiras temporárias de beleza única, formações rochosas e com pinturas de tempos imemoriais, cidades que promovem festas populares e religiosas...

Mas tudo isso só se configura em um produto turístico com infraestrutura de estradas e saneamento, boa hotelaria (inclui bares e restaurantes), capacidade de recepção do viajante. Não temos isso, o que nos faz um estado onde há muito o que se ver e sentir, mas poucas condições para quem deseja ter essa experiência.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.
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