Livros sempre foram grandes e poderosos motores de transformação do mundo, quem sabe até tendo sido mais importantes para detonar as revoluções que as armas muito usadas naqueles movimentos violentamente transformadores.
Os livros, como um objeto físico e manuseável, foram o canal de expansão de ideias, de fé, de conhecimentos os mais variados, de prazeres e entretenimento, de sonhos e desejos. Desde que Gutemberg criou o tipo móvel e que a dupla D’Alambert e Diderot concebeu a Enciclopédia, sempre estiveram na vanguarda transformadora do mundo.
Sou parte de uma geração que construiu suas bases de conhecimento queimando pestana na leitura de livros – fossem didáticos ou não. Liam-se os clássicos, os manuais escolares, os livros de bolsos de faroeste, os textos cristãos sagrados... Mas se lia sempre, se lia por prazer, obrigação escolar e até como castigo. É claro que todo mundo precisava comprar livros ou tomá-los de empréstimo a quem comprava. E na minha época de iniciante no mundo da leitura, eram as livrarias as fontes essenciais para tê-los.
Livrarias em ruas comerciais, como toda e qualquer loja, havia muitas e era – como ainda hoje é – muito prazeroso andar entre corredores de estantes à cata de um livro, garimpando algum novo autor e verificando o que se poderia comprar de melhor com menos dinheiro.
As livrarias eram, quando comecei e me entender como leitor, locais onde se podiam encontrar as pessoas mais interessantes, as que pensavam contra as marés e ondas em favor do que quer que fosse, os que pregavam uma indignação permanente, como se disso dependesse a vida. Daí serem as livrarias muito mais que um lugar de se vender livros. Podiam ser sempre locais de se ouvir, contar, replicar ou recolher histórias.
Em Teresina, por exemplo, havia livrarias como a Dilertec, do livreiro Nobre, e a Leonel Franca – funcionando na parte central da cidade e, sem dúvida, responsáveis por criar um mundo de leitores. Assim como foi a Corisco, sob a liderança do professor Cineas Santos. Benditos sejam, então, os benfazejos livreiros desta nossa terra e de tantas terras outras por onde semearam saberes e mesmo as inquietações por meio dos livros.
Hoje, as livrarias seguem existindo, talvez sem aquele charme dos anos passados, quando havia um ar de sublevação no ato de buscar ou adquirir os livros. Mas elas seguem existindo e devemos nós prestigiar esses espaços, estejam eles nas ruas ou em centros de compra. Adquirir livros em lojas físicas na nossa cidade é, sim, um ato prazeroso que mantém as livrarias vivas e ainda tem o condão de garantir empregos.