Olhe Direito!

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Ano novo, tempo de evoluir

Pensei em dizer isso como uma reflexão própria sobre o Ano Novo, que só se faz verdadeiramente novo

Álvaro Mota

Quinta - 29/12/2022 às 20:19



Foto: Divulgação Ano novo
Ano novo

Há uma diferença básica entre mudança e evolução. A gente quase nunca para e pensa a respeito, porque em gera considera que mudar é o mesmo que evoluir, mas quando refletimos a respeito, nos damos conta de que mudar é alterar uma posição – seja para adiante, para trás, para um lado ou para outro. Evoluir é também mudar, mas num sentido sempre de ir adiante, de crescer sob variados aspectos, de acrescer novas e boas ideias às nossas práticas, de acolher boas sugestões e críticas que constroem coisas e nos tornam pessoas melhores.

Pensei em dizer isso como uma reflexão própria sobre o Ano Novo, que só se faz verdadeiramente novo, conforme o poeta Carlos Drummond de Andrade, para ganharmos um Ano Novo que mereça este nome, temos de merecê-lo, de fazê-lo novo, o que não é fácil, mas se trata de tentativa à qual devemos nos entregar de modo consciente, posto que se ano não se faz novo dentro de nós, nunca o teremos, ele seguirá em inerte em nossa alma.

Sim, mas como fazer esse Ano Novo em que mais que mudar a gente evolua para melhor posição? Primeiro, como sugere ainda o poeta de Itabira em sua “Receita de Ano Novo”, não se fazem necessários os rituais ou as bebedeiras celebrativas com champanhe ou a bebida que seja; nem lista de intenções, tampouco choros convulsivos ou uma esperança formalizada em decreto. É preciso tão-somente a vontade de construir as coisas de modo diferente, porque, ainda lembrando Drummond, a mudança de ano é uma simplicidade que nos é dada como presente do acaso.

Como não tenho alma de poeta, advogado que sou, imagino que não há tanta casualidade assim nas mudanças de tempo. Elas vão ocorrer independente de nossa vontade, porque, conforme outro poeta, Caetano Veloso, o tempo não para e, no entanto, ele nunca envelhece. Ao contrário, vai renovando gerações e ideias, vai muitas vezes fazendo de nós anacrônicos pela velocidade com que acolhe e replica inovações. Se paramos diante do tempo envelhecemos mais do que genética, biológica e cronologicamente vamos envelhecer de modo inexorável.

Assim, já que caminhamos para nos tornamos envelhecidos em um tempo que se remoça a todo instante, cuidamos de evoluir para que possamos nos tornar pessoas melhores em todos os aspectos – e, sobretudo, melhores com nós mesmos, fazendo com que um processo evolutivo social, cultural, cognitivo e espiritual nos permita ser mais os construtores das evoluções próprias do tempo futuro que se faz dia após dia e menos aqueles que, diante dessa inexorabilidade, teimam em remar contra a maré da evolução permanente ditada pelo tempo, que não para nem nunca envelhece.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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