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Artigo Joaquim Lourenço: Ele não deu certo

Domingo - 11/06/2017 às 16:06



Foto: Reprodução Michel Temer
Michel Temer

Gosto muito de caminhar e observar o mundo à minha volta. Quando trabalhava na secretaria municipal de educação de Timon, quase que diariamente tinha esse hábito recomendado pelos especialistas em saúde e – se não fosse a sudorese chata que me acompanha desde a adolescência – eu acharia o melhor meio de deslocamento. Dizer não aos transportes poluentes e cansativos para a população.

Nessas idas daquele momento saudoso, estava a ocorrer uma obra grande e complexa numa das principais avenidas dessa cidade e tal feita exigia concentração e muito esforço físico dos trabalhadores braçais de lá. Não importando o tempo, começava cedo e ia até o final do dia. Como na nossa cidade predomina o clima quente e seco quase que todo o ano, o trabalho era sempre feito diante de um sol “escaldante”.

Só por conta desse fator, além do fato de serem cidadãos, aqueles trabalhadores possuíam o meu respeito, realmente era complexo  e não é pra qualquer um. Da mesma forma quando me deparo com o trabalho dos garis, a disposição física para correr, pegar o lixo e colocá-lo no caminhão fazem deles verdadeiros atletas e detentores da grande responsabilidade de deixar a cidade limpa, merecem aplausos e reconhecimento.

Experimente limpar sua casa um dia, ao menos seu quarto ou simplesmente ajeitar sua cama e lavar as louças, pode ter certeza do quanto valorizará o trabalho de uma faxineira.

Relatei esses casos tendo em vista o ocorrido na Instituição Evangélica de Novo Hamburgo(RS), onde estudantes tiveram a ideia temática “se nada der certo” por conta da formatura. Se hipócrita fosse eu começaria a caracterizá-los como burgueses, almofadinhas ou filhinhos de papai doutrinados para alcançarem carreiras ditas de sucesso, pois o retorno financeiro é o prevalecente no sistema no qual vivemos.

Mas não irei nomeá-los assim. Essa foi uma das ideias para a aula da saudade levantadas por minha turma de Direito à época de nossa conclusão. Eu já tinha em mente “fantasiar-me” de frentista de posto de combustível, a ideia não vingou e optamos por personagens de cinema. Fui de Charles Chaplim e me elegeram como a melhor fantasia.

Mesmo assim considero justas às críticas que receberam e a turma reconheceu o erro com o pedido público de desculpas, mas tenho a certeza terem vindo de pessoas a pensar da mesma forma. A sociedade está doente, o “ser” há muito tempo perdeu espaço para o “ter” e o mais irônico é que esse discurso de valorização da pessoa humana vem de quem não pratica, ou seja, é um cidadão que não mede esforço para obter ganhos e consequentemente aumentar sua conta bancária.

Uma das críticas fora “Ah, porque não foram fantasiados de políticos?!”, como se cargo político fosse uma profissão de fato e muitos o encaram dessa forma. Não se pode negar como essa classe está desprestigiada e faz por merecer. Ressalto o presidente ilegítimo, vivendo de política há mais de 30 anos desde quando se aposentou aos 55.

Ele está no comando do país, mas já demonstrou uma incompetência e indignidade incomuns para tão importante cargo. Essa semana o TSE absolveu de sua cassação da chapa de 2014 conseguindo trazer ainda mais indignação perante a população. É certo também que ninguém mais o vê, pois seu governo junto com ele parecem não existir mais.

Hoje, se eu fosse participar dessa festa temática eu iria de golpista Michel Temer, porque ele não deu certo mesmo.

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Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço é licenciado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e advogado pela FAP Mauricio de Nassau

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