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Artigo Joaquim Lourenço: Ela pode pegar

Segunda - 24/04/2017 às 12:04



Foto: Reprodução Baleia azul desenhada com estilete no braço de adolescente
Baleia azul desenhada com estilete no braço de adolescente

"Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles." Provérbios 22:6

Desafios são instigantes, pois sempre nos levam a enfrentarmos nossos limites e não deixa de ser algo benéfico para o autoconhecimento. O ser humano, no cerne da evolução, procurou o seu impossível, conseguindo resultados espetaculares e trazendo maravilhas ao mundo. As maiores invenções da humanidade deram-se após seus autores sentiram-se desafiados.

Mas como explicar um jogo - claramente maléfico - ser tão aceito pelos adolescentes como esse da “Baleia Azul”? Em resumo, a pessoa é desafiada a jogar e, caso não consiga alcançar os resultados, deverá mutilar-se com desenhos, sendo um deles o do referido mamífero. Ao final, o participante é desafiado a tirar sua própria vida.

Achou absurdo também? Infelizmente, como já ressaltado, muitos se deixaram levar por essa tentação de satanás. Trazendo preocupações a muitas famílias, reconhecendo em seus jovens e até nas crianças potenciais jogadores.

A raiz desse problema é elementar: atenção. Sim, todos querem e gostam de visibilidade. E quando se trata da juventude essa necessidade é dobrada, porque vivem a fase de muitas dúvidas e incertezas. A principal delas é não saber se possuem o amor dos seus. Perante uma nova descoberta, em um gosto incomum ou até mesmo numa ideia diferente. Os pais, muitas vezes bem atribulados no trabalho, não se fazem presentes nas necessidades básicas ocasionando esse vazio, acompanhado de tristeza profunda e, possivelmente, levando a algo mais sério como a maldita depressão.

Tomás Morus, no século 16, profetizou “Se não quisermos ser um estranho em nossa própria casa, devemos conversar com a companheira e tagarelar com as crianças. Incluo essas coisas como ocupações porque elas devem ser feitas”. Acompanhar o cotidiano da família, mostrar interesse naquilo feito pelos filhos, mesmo que seu entendimento seja de algo a julgar banal, e orientar de forma madura, fazem uma grande diferença. Lamentável muitos entenderem como algo superficial, sem muita importância e acabam tornando-se desconhecidos no lar.

Atentem-se sempre para as pessoas próximas, no comportamento e companhias. Os pais têm a responsabilidade ainda maior, onde é preciso fiscalizar em todos os detalhes, principalmente os considerados menores e nunca os encarar como “frescura” ou “besteira”. Faça sua parte, caso contrário a Baleia irá pegá-los, podendo ser um jogo de perdas mútuas e sem chance de revanche.

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Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço

Joaquim Lourenço é licenciado em Letras pela Universidade Federal do Piauí e advogado pela FAP Mauricio de Nassau

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