Foto: Montagem do Piauí Hoje
Loteria: ricos de direita podem ganhar; pobres não
Há mais de 26 anos o Brasil viveu um de seus maiores escândalos de corrupção. Ocorreu no final dos anos de 1980 e início dos anos 90, logo após a ditadura. O caso ficou conhecido como o Escândalo dos Anões do Orçamento", no qual políticos manipulavam emendas parlamentares para desviar dinheiro público através de entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de empreiteiras.
Esse escândalo foi descoberto após o assessor da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, José Carlos Alves dos Santos, ter sido preso acusado de tramar a morte da esposa.
Ele não suportou a repercussão que o caso gerou e resolveu contar tudo que sabia da ação dos marginais abrigados no PFL, PDS, MDB e outros partidos da direita. Muitos deles ainda estão vivos e com mandatos na Câmara e até no Senado.
José Carlos delatou todo o esquema, comandado pelo deputado baiano, João Alves, na época do PFL e que ficou conhecido com a desculpa de ter ganho tudo na loteria, 56 vezes só em 1993, que pela probabilidade matemática, representaria um gasto de US$ 17 milhões em apostas.
Mas o fato de escroques como João Alves dizer ter ficado rico por "ganhar" tantas vezes na loteria nunca incomodou os hipócritas, até hoje muito ativos nas redes sociais em defesa de corruptos e bandidos travestidos de autoridades.
No entanto, essas mesmas criaturas se mostram indignadas e cheias de ódio se sabem que algumas oportunidades ainda são para todos no país, como jogar na loteria, por exemplo.
Mas idiotas são assim mesmo. Esquecem de quase tudo que realmente importa e não estão nem aí para o fato de continuar vivendo na lama, como porcos.
Sem compromissos com a história e muito menos com a verdade, vivem eternamente numa onda anti-PT e de ódio aos petistas.
É algo tão doentio que esse ódio não tem fim nem mesmo com os fracassos e desastres de gestões de adversários críticos e anti-petistas.
Esses "doentes" se incomodam até com fato de alguém ligado ao PT apostar e ganhar numa loteria.
A prova dessa doença está na notícia de que um grupo de petistas, assessores parlamentares na Câmara dos Deputados, ganhou na Mega Sena.
A notícia gerou uma onda de boatos, fake, insinuações, expressões maldosas e revelou muito preconceito e hipocrisia. Quase tudo via redes sociais.
As reações à sorte dos apostadores petistas, começaram logo na Câmara, onde deputados zombaram, "jogaram culpa" e criticaram os ganhadores, mesmo em tom de brincadeira.
As insinuações maldosas tentavam ligar o fato de alguém ganhar legalmente numa loteria a acusações levianas de delitos.
É como se alguém ligado ao PT, de alguma forma, não pudesse ganhar uma aposta. Para os hipócritas, todo mundo pode jogar na loteria e ganhar, menos os petistas.
No ideal dos anti, pessoas de qualquer outro partido podem ficar ricas, a qualquer custo, até mesmo de forma ilícita. Isso não gera a menor indignação. É normal. Mas o contrário...
O "prêmio dos petistas" bombou nas redes sociais. Pessoas espumavam pela boca de tanto ódio pelo fato do prêmio de R$ 120 milhões da Mega Sena ter saído para um grupo de 49 petistas.
Teve gente que ficou com tanto ódio (ou inveja) que defendeu até o fim das loterias para evitar que o "PT ganhe".
É um absurdo!!! Próprio dos tempos estranhos que vivemos no Brasil, como já disse o ministro Marco Aurélio Melo, do STF.
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Luiz Brandão
Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.
