
Um estudo pioneiro conduzido pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), com apoio de diversas entidades, revelou que a tomossíntese digital mamária, também conhecida como 'mamografia 3D', poderia gerar uma economia significativa para os planos de saúde no Brasil. Segundo a pesquisa, a tomossíntese, que já representa 90% das mamografias realizadas nos Estados Unidos, pode economizar até R$ 400 milhões em um período de cinco anos.
A tomossíntese é uma evolução da mamografia, permitindo a visualização tridimensional da mama com imagens detalhadas em cortes de um milímetro de espessura, semelhante à tomografia computadorizada. Comparativamente à mamografia convencional, a tomossíntese reduz a sobreposição de imagens, aumentando a detecção de carcinomas, um tipo de câncer, invasivos em até 40%.
O estudo é comandado pelo coordenador do Departamento de Imagem da Mama da SBM, Henrique Lima Couto, o artigo intitulado “Análise de custo-efetividade da tomossíntese associada à mamografia sintetizada no rastreamento do câncer de mama na saúde complementar do Brasil” foi publicado recentemente pela PharmacoEconomics, uma das principais revistas de avaliações econômicas em saúde do mundo.
O artigo demonstra o potencial benefício clínico e econômico da adoção da “mamografia 3D” no rastreamento do câncer de mama na saúde suplementar (prestação de serviço exclusivamente na esfera privada) brasileira em mulheres entre 40 e 69 anos com mamas de densidades fibroglandulares esparsas (mamas compostas de 25% a 50% de tecido fibroglandular) e heterogeneamente densas (composição de 51% a 75% de tecido fibroglandular).
Lima Couto ressalta que a incorporação rotineira da tomossíntese no sistema suplementar brasileiro representaria uma economia significativa para os planos de saúde.
“Este recurso poderia ser aplicado na adoção de novas tecnologias, medicações, aumento da cobertura e melhoramento do sistema de saúde complementar no combate do câncer de mama”, afirma o especialista.
O coordenador enfatizou que a tomossíntese representa um avanço fundamental, ele explica que o exame oferece alta qualidade de imagem, taxas elevadas de detecção e exposição à radiação dentro dos limites de qualidade estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Mulheres assintomáticas (que não apresenta sintomas) entre 40 e 69 anos, com mamas de densidades fibroglandulares esparsas ou heterogeneamente densas, representam o público-alvo prioritário para a tomossíntese. Atualmente, as pacientes atendidas por planos de saúde precisam pagar pelo exame, mas a avaliação econômica demonstrada pelo estudo sugere que a incorporação da tomossíntese para cobertura obrigatória pelos planos de saúde poderia ser um avanço significativo.
“Se incorporada pela ANS para cobertura obrigatória pelos planos de saúde, o exame vai proporcionar um grande avanço para as mulheres e possibilitar que elas tenham acesso as melhores práticas, conforme as mais importantes entidades médicas da área no mundo, como o Colégio Americano de Cirurgiões de Mama (ASBS), o Colégio Americano de Radiologistas (ACR) e o Grupo de Trabalho Americano em Câncer (NCCN)”, conclui o mastologista Henrique Lima Couto.