Saúde

OROPOUCHE

FMS detecta um caso de encefalite por vírus Oropouche em idoso de Hugo Napoleão

O paciente deu entrada no Hospital de Urgências de Teresina em maio deste ano, com febre alta, dor de cabeça, desorientação, tremores e movimentos involuntários

Da Redação

Sexta - 09/08/2024 às 18:13



Foto: Bruna Laís Sena/SEARB/IEC O maruim ou mosquito-pólvora
O maruim ou mosquito-pólvora

A Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina confirmou nesta sexta-feira (9), através da sua Diretoria de Vigilância em Saúde, uma morte por encefalite causada pelo vírus Oropouche. Os exames foram liberados nessa quinta-feira (8). A vítima é um idoso, morador do município de Hugo Napoleão.

Segundo a Fundação, o paciente deu entrada no Hospital de Urgências de Teresina em maio deste ano, com febre alta, dor de cabeça, desorientação, tremores e movimentos involuntários. Sob a suspeita de encefalite viral, ele foi transferido para o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella (IDTNP), onde foram realizadas as coletas de amostras biológicas para investigação viral.

As amostras foram enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Costa Alvarenga que, após análises preliminares, encaminhou-as ao Instituto Evandro Chagas, o laboratório do Ministério da Saúde, de referência nacional em investigação de arboviroses. Em sequência, o paciente foi transferido para o Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (UFPI) para continuar o acompanhamento, de onde recebeu alta com melhora parcial.

O exame confirmatório detectou a presença de anticorpos da classe IgM contra o vírus Oropouche no sangue e no líquido cefalorraquidiano do paciente, por meio do teste ELISA. Como anticorpos da classe IgM não atravessam a barreira entre o sangue e o tecido nervoso, o exame demonstra que o vírus invadiu o encéfalo e as meninges do indivíduo e lá promoveu a síntese desses anticorpos.  

Até 4% dos pacientes com febre Oropouche podem sofrer complicações neurológicas caracterizadas como meningite ou encefalite. No entanto, o órgão informou que é difícil a detecção desse tipo de complicação na região extra-amazônica, em especial ao se considerar que nas últimas décadas são raríssimas as descrições de complicações neurológicas graves ocasionadas pela doença e que estudos recentes apontarem para a possibilidade da infecção levar à morte de adultos por síndrome hemorrágica, bem como à morte fetal, abortamento e anomalias congênitas do sistema nervoso central.

Teresina

O programa de vigilância das encefalites virais em Teresina tem sido pioneiro em identificar eventos importantes em saúde pública, desde sua implantação, como foi o exemplo do diagnóstico do primeiro caso de encefalite pelo vírus do Nilo Ocidental do Brasil, em 2024. Em 2021, o programa foi capaz de sinalizar precocemente a circulação do vírus Oropouche em região extra-amazônica, por meio da detecção do genoma do vírus no sangue de um paciente com encefalite.

De 2021 até o presente, anticorpos IgM ou o genoma do vírus Oropouche haviam sido detectados no sangue de outros 12 casos de síndromes neurológicas assistidos em Teresina, nas formas de encefalite, mielite, neurite óptica e síndrome de Guillain-Barré. Entretanto, a detecção de anticorpos ou do genoma apenas em sangue, sem detecção no líquido cefalorraquidiano, não consiste em evidência confirmatória e inquestionável de que foi especificamente o vírus Oropouche que comprometeu o sistema nervoso dos pacientes, ao contrário do que ocorre, agora, com o caso em questão.

A detecção aqui relatada fortalece a necessidade de medidas de proteção contra o contato e com a proliferação dos mosquitos, com ênfase, inclusive, nas gestantes.

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