
A saída pouco consensual de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta sexta-feira (24) repercute em todas as esferas políticas do país. No Piauí, o deputado estadual Franzé Silva (PT) vê o pedido de exoneração como "chance de não ser enterrado junto com Bolsonaro". O parlamentar também frisou que Moro agiu de modo tendencioso durante o julgamento do ex-presidente Lula e que o ex-ministro deve sair candidato à presidência em 2022.
"Sérgio Moro viu no seu pedido de exoneração a chance de não ser enterrado junto com o Presidente Bolsonaro. Aproveitou pra não sair ainda menor do que se tornou ao aceitar ser ministro, após ter direcionado de forma tendenciosa o julgamento do Presidente Lula. Acredito que ele vai tentar se reinventar na política, buscando salvar a qualquer custo a popularidade apontada nas pesquisas de início de governo e aventurar um mandato em 2022", comentou.
Entenda o caso
Sérgio Moro anunciou sua saída do Governo Federal nesta sexta-feira (24) após ter sido pego de surpresa com a exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal. O diretor-geral da PF era homem de total confiança de Moro e desde o último semestre de 2019 o presidente Jair Bolsonaro vinha fazendo pressão para tirá-lo da pasta.
Em seu último discurso como ministro, Moro deixou claro que a mudança na PF é pura e simplesmente interferência política vinda do presidente, uma vez que o trabalho de Valeixo tem tido bons resultados. O ex-ministro citou a redução dos assassinatos no país e o aumento de apreensão de drogas como parte positiva do trabalho da Polícia Federal.
Além da interferência política, a fala de Sérgio Moro também deixa recair sobre Bolsonaro, o fato de que o presidente quer ter acesso e controle das investigações sigilosas realizadas pela PF, algo que, segundo o ex-ministro não aconteceu nem mesmo em Governos passados que estavam sob a mira da Polícia Federal. Para Moro, a atitude de Bolsonaro quebra a autonomia da instituição.
Bolsonaro
Teve início às 17h de hoje o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o pedido de demissão de Sérgio Moro.
"[Moro] não esteve comigo durante a campanha, não sei em quem ele votou no primeiro turno e nem quero saber. Obviamente, repito, ele não participou da minha campanha. Como o senhor disse na sua coletiva que tem uma biografia a zelar, eu digo que tenho um Brasil a zelar. Não tenho que pedir autorização pra ninguém pra trocar um diretor ou qualquer outro que esteja na piramide do poder hierárquico do Executivo. A PF de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle [Franco] do que com quem mandou matar Bolsonaro. Entre meu caso e o de Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar, afinal de contas o autor está preso", disparou.