![Em pronunciamento, à mesa, relator da CPIBRASKEM, senador Rogério Carvalho (PT-SE)](https://piauihoje.com/uploads/imagens/53723325289-7c02fb0b1c-k-2-1722352576.jpg)
A Polícia Federal indiciou três ex-assessores do ex-governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (Podemos), por sua participação na criação e divulgação de áudios falsificados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo era prejudicar a campanha do senador Rogério Carvalho (PT) nas eleições de 2022.
O relatório final da investigação, obtido pelo Carta Capital, foi encaminhado à Justiça Eleitoral em 22 de julho e atualmente tramita em sigilo. O próximo passo é decisão do Ministério Público sobre se aceita as conclusões da PF, solicita novas diligências ou arquiva o caso.
Segundo o documento, Rodrigo Leão dos Santos, Givaldo Ricardo (na época superintendente de comunicação do governo estadual) e Carlos José Walter Costa formaram uma organização criminosa com a finalidade de "produzir documentos falsos e divulgá-los nas redes sociais para prejudicar o adversário" de Chagas.
O senador Rogério Carvalho disputou o governo de Sergipe contra o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD), aliado do então governador. Mensagens interceptadas pelos investigadores mostram o trio discutindo a edição de áudios com trechos de falas de Lula que supostamente pediam votos para o rival de Carvalho. A manipulação foi realizada com o uso do software Adobe Premiere, e os investigadores encontraram uma pasta chamada “Belivas/Lula Rogério Não” no computador de Leão durante a execução de mandados de busca e apreensão, o que reforça a evidência do crime.
De acordo com o relatório, o processo de edição envolveu pós-produção avançada, o que dificultou a percepção das alterações. Foram utilizados quatro arquivos de áudio, dois dos quais para adicionar ruído de fundo.
Não está claro se a manipulação do áudio foi solicitada diretamente pela campanha do PSD ou por Chagas. A gravação, amplamente divulgada na época, continha uma suposta crítica de Lula a Carvalho e buscava induzir o eleitor a votar em Mitidieri. Um dos áudios dizia:
“O povo não vai votar, não foi votar porque Rogério não toma iniciativa de acreditar na sua própria política, sabe?! É preciso fazer uma autocrítica. Eu, sinceramente, estou constrangido. Não adianta brigar para ser candidato a governador de Sergipe.”
Os ex-assessores foram indiciados com base em dois dispositivos do Código Eleitoral: divulgação de fatos inverídicos para influenciar o eleitorado (art. 323), com aumento de pena em um terço pela veiculação em meios de comunicação; e falsificação de documento (art. 349). Também é mencionada a acusação de associação criminosa.
Fonte: Carta Capital