Política

GOVERNADORES

Os três mais jovens governadores

Caldas assumiu com 23 anos de idade, em 20 de setembro de 1759, exercendo o governo até 3 de agosto de 1769.

Fonseca Neto

Domingo - 09/10/2022 às 12:25



Foto: Divulgação Rafael Fonteles na festa da vitória
Rafael Fonteles na festa da vitória

Entre os mais de 130 governadores que teve o Piauí até hoje, são estes os três com menor idade: João Pereira Caldas, José Antonio Saraiva e Rafael Tajra Fonteles. Este, eleito e por ser empossado. Caldas, no tempo colonial, Saraiva na época imperial, Fonteles, nesta era da República.

Caldas assumiu com 23 anos de idade, em 20 de setembro de 1759, exercendo o governo até 3 de agosto de 1769. Nasceu na comarca de Valença, Portugal. O primeiro governador do Piauí. Difícil a sua missão, em nome de El Rei e do famoso primeiro-ministro, o Conde de Oeiras, depois titulado e hoje mais conhecido como Marquês de Pombal: instalar e estruturar o Piauí, criado Capitania em 1718, como unidade política e administrativa do império português, no Além-mar.

Destacamos o feito mais impactante do governo Caldas: desdobrou o único município que havia, então – da Mocha –, em mais seis municipalidades, implantando todas, em 1762, pessoalmente, e orientado pelo mais puro cálculo geopolítico e estratégico: Parnaguá, nos extremos do sul com a Bahia, Goiás; Jerumenha, a oeste, próxima da barra do Gurgueia, no rio Parnaíba; São João da Parnaíba, extremo norte, com sede na povoação Testa Branca, zona urbana da hoje cidade; Marvão, nos extremos com o Ceará, nas  sapatas da Serra Grande – hoje Castelo. E mais duas, em zonas muito prósperas, Campo Maior, no centro norte, e Valença, na vastidão central do Piauí.

Essas medidas estruturantes vieram junto com a ação censitária e a cartografia mais genial que o Piauí realizou até hoje: uma equipe de alto preparo técnico, à frente um engenheiro e homem de leis – um desembargador do Reino – visitou todo o território com habitação conhecida, descreveu todos e todas, e cartografou tudo. Missão adjunta: confiscar e incorporar ao patrimônio régio, terras e bens que padres da Companhia de Jesus administravam no Piauí.

Saraiva, baiano de Santo Amaro da Purificação, assumiu o governo do Piauí em 7 de setembro de 1850, quando tinha 27 anos. Governou com o título formal de Presidente. Ao contrário de Caldas, que teve o terceiro mais longo período de governo, ficou menos de três anos na chefia do governo e realizou um projeto de grande impacto para o adiantamento piauiense, proposto há mais de 122 anos (1728); transferir a capital do Piauí para a margem do rio Parnaíba, ou mesmo para perto do mar, lugar onde então já se encontrava a capela da Senhora do Montserrat.

Fonteles é teresinense. Tem 37 anos. Acaba de ser eleito governador do Piauí. É o mais velho dos três e deve tomar posse no início de 2023. Diferente dos dois acima referidos, com suas obras sobejamente reconhecidas pelos pósteros, as realizações do governador agora eleito são apenas projeções de futuro. E há desafios imensos a vencer.

Relativamente jovem, Fonteles tem cabedais de sobra para enfrentar antigas questões. São antigos problemas estruturais. Tem respaldo popular decorrente de uma eleição com resultado clarividente, saído das urnas. Tem maioria parlamentar, que desafiará sua qualidade de negociador, para que a maioria de deputados não se converta no estorvo que barrará os avanços inadiáveis.

O novo governador é uma clara esperança, sim. Titular de uma rara inteligência, testado numa das funções mais insólitas de todo governo: o de titular do Erário, que exerceu desde os 29 anos de idade, quase um milagre em face dos costumes inexemplares nesse trato. O agente recebedor das rendas arrecadadas em nome e para o povo e o drama de sua adequada aplicação.  

Tem ele, acrescente-se, um jeito de líder, de carisma e polo aglutinador. Forjado na política fora dos modos e tradições partidárias, ainda que seu Partido seja, já, uma organização típica de quatro décadas, marcada por venturas, desventuras e contradições aparentemente insanáveis. 

Tal os jovens João colonial e José imperial, o futuro reconhecerá em Rafael um grande governador se consegui liderar o desatamento de alguns nós do atraso estadual insistente.  

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