
O senador Marcelo Castro (MDB-PI) afirmou em entrevista ao jornalista Cezar Feitosa, do jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira (25), que a população o apoiou sobre a questão das emendas que destinaria ao Hospital Universitário do da Universidade Federal do Piauí, e que foram barradas, segundo ele, por influência do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI). "No meu caso, eu acho que a população ficou do meu lado porque está vendo que ele barrou recursos para o Piauí. Está prejudicando o estado".
Ele disse que não critica o fato da senadora Eliane Nogueira (PP-PI), que é mãe de Ciro, ter tido acesso a um valor de emendas de relator muito superior a ele (Eliane teve R$ 400 milhões, enquanto Marcelo, R$ 36 mi), mas o fato de que suas emendas foram barradas.
"O Piauí tem muitas carências. Quem tiver oportunidade [de enviar recursos para o estado], ocupando cargo importante na República, estará fazendo bem. Eu não faço crítica. Se o Ciro Nogueira hoje é ministro da Casa Civil e tem oportunidade de levar recursos pro Piauí, é bem recebido", disse Marcelo Castro na entrevista. Questionado se, por ser relator das emendas, pretende dar o troco, ele responde que não, que a queixa que tem, é pelo ministro ter barrado os recursos.
"Esse exemplo confirma o que eu digo: a emenda RP9 [emenda de relator] tem um poder discricionário muito maior. Eu tive R$ 36 milhões e a mãe do Ciro –por ser mãe dele– teve R$ 400 milhões. A queixa que eu tenho é que indiquei vários recursos para o Piauí e ele, por ser ministro, barrou esses recursos. Eu bato palmas por ele levar investimento para o Piauí. Agora, impedir que qualquer outro parlamentar envie recursos para o estado não é uma coisa correta.
Na Comissão de Educação eu consegui levar R$ 100 milhões para a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. O meu projeto era, dos R$ 100 milhões, destinar R$ 20 milhões para criar a ala oncológica do Hospital Universitário de Teresina. Ele travou os recursos. Eu jamais faria isso.", declarou. O jornal informou que procurou o ministro Ciro Nogueira, mas não teve resposta.
DISPARIDADE DAS EMENDAS DE RELATOR: "É UMA ANOMALIA"
O senador também criticou o mecanismo das emendas RP9. Ele disse que é uma anomalia, e que considera que emendas de bancada e de comissão são de melhor qualidade.
"Eu sempre me insurgi contra a qualidade da emenda e o valor. Nos últimos dois anos, os relatores tiveram emendas de mais de R$ 30 bilhões. É uma anomalia. O que eu penso, honestamente: as emendas de bancada e de comissão são de melhor qualidade. Elas precisam ser debatidas coletivamente, e os recursos são indicados por acordo. A emenda de relator tem um poder discricionário muito maior. Isso faz a emenda [rubrica RP9] ter uma qualidade baixa, inferior às emendas de bancada e comissão. Já está na minha cabeça trabalhar no sentido de aperfeiçoar esses processos.", declarou na entrevista.
Fonte: Com informações da Folha de S.Paulo