O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nessa terça-feira (5) que pretende ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para convidá-lo à COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, agendada para novembro em Belém, Pará, por estar interessado em saber sua posição sobre a crise climática. No entanto, ressaltou que não fará a ligação para negociar o aumento tarifário de 50% imposto pelos EUA sobre produtos brasileiros, alegando que Trump “não quer falar” sobre o tema.
Segundo Lula, apesar de manifestar abertura ao diálogo, não vê reciprocidade por parte dos EUA: "Não vou ligar para o Trump para negociar nada (sobre o tarifaço), porque ele não quer", afirmou durante a 5ª plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), no Palácio Itamaraty, em Brasília. Ele enfatizou que o convite ao evento climático não implicará em negociação de tarifas: “Quero saber o que ele pensa da questão climática”.
Tarifaço de Trump
As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros à importação pelos EUAentraram em vigor em nesta quarta-feira (6), após publicação de decreto executivo por Trump em 30 de julho, que adicionou 40% à alíquota anterior de 10%. A iniciativa é interpretada como motivada por interesses políticos, num contexto em que Trump associou a medida ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal.
Apesar do clima tenso, Lula declarou que o Brasil não pretende retaliar imediatamente com contato direto, mas anunciará em 18 de agosto uma resposta formal à OMC e implementará um plano de contingência para proteger trabalhadores e empresas afetadas. O chanceler Mauro Vieira confirmou que o governo está pronto para utilizar os mecanismos de solução de controvérsias da OMC.
Outros líderes globais
Além do convite ao presidente americano, Lula disse que planeja telefonar para outros líderes globais, como Xi Jinping (China) e Narendra Modi (Índia). Ele informou que não fará o mesmo com Vladimir Putin devido às restrições à sua mobilidade.
Lula também criticou duramente a forma como a tarifa foi comunicada por Trump, via carta pública, sem aviso prévio ao governo brasileiro, acusando o presidente americano de desrespeito à diplomacia bilateral. Ele afirmou que os interesses eleitorais foram colocados acima das relações institucionais entre os países.
Segundo reportagens recentes, Trump já declarou que Lula poderia contatá-lo “a qualquer momento” para discutir tarifas e tensões bilaterais, mas Lula reiterou que, enquanto Trump não der abertura real ao diálogo, não existem condições para tratar diretamente do tarifaço. Paralelamente, o governo brasileiro tem liderado esforços diplomáticos para mobilizar parceiros comerciais e fortalecer alianças fora da relação com os EUA.
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Fonte: Secom e G1
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