
A aplicação de novas tarifas de importação pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, em vigor a partir desta quarta-feira (6), pode causar um prejuízo de até R$ 110 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional no longo prazo, segundo estudo divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
O levantamento estima ainda que cerca de 146 mil empregos, formais e informais, podem ser extintos no Brasil em decorrência da medida, que atinge diretamente setores estratégicos da indústria e da agropecuária nacional. No curto prazo, o impacto inicial projetado é de R$ 25,8 bilhões no PIB, com redução de R$ 2,74 bilhões na renda das famílias brasileiras ao longo dos próximos dois anos.
Setores afetados
As novas alíquotas atingem aproximadamente 55% do total exportado pelo Brasil aos Estados Unidos, o equivalente a cerca de US$ 22 bilhões, de um total de US$ 40,4 bilhões registrados em exportações em 2024. Entre os setores mais afetados estão siderurgia, calçados, madeira, máquinas e equipamentos, além da agropecuária, com destaque para a carne bovina, que ficou de fora da lista de isenções tarifárias.
Produtos como café, ferro e aço também estão entre os principais alvos da nova taxação, que chega a até 50% sobre determinados itens.
Em Minas Gerais, terceiro maior estado exportador para o mercado americano, o cenário também é preocupante. A Fiemg projeta uma perda de R$ 4,7 bilhões no PIB estadual em curto prazo, com corte de mais de 30 mil empregos. Em dez anos, esse impacto pode saltar para R$ 15,8 bilhões, com até 172 mil postos de trabalho extintos em território mineiro, principalmente nos segmentos de café e siderurgia.
Política de protecionismo
As tarifas foram oficializadas pelo governo dos Estados Unidos como parte de uma política protecionista para fortalecer a indústria norte-americana. Diante disso, o governo brasileiro prepara uma resposta diplomática e técnica, com tratativas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a possível aplicação de medidas de reciprocidade previstas na legislação nacional.
A Fiemg alerta que a retaliação direta pode provocar aumento de preços internos e defende que o Brasil adote uma estratégia baseada no diálogo internacional, evitando um agravamento da crise comercial.
Ainda segundo o estudo, em um cenário extremo de retaliações mútuas e prolongadas, os prejuízos à economia brasileira podem se aprofundar. O impacto poderia chegar a R$ 259 bilhões no PIB, com eliminação de quase 2 milhões de empregos e redução de R$ 36 bilhões na massa salarial nacional.
Para a federação, a manutenção das exportações brasileiras aos Estados Unidos em níveis competitivos depende de articulação rápida entre os setores produtivo e governamental, com foco em acordos bilaterais e redução da vulnerabilidade externa.
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Fonte: Brasil 247