Política

SUSPEIÇÃO

Antônio Rueda, presidente do União Brasil, tem grande interesse na PEC da Blindagem

Investigação envolvendo jatinhos e PCC coloca Tony Rueda no centro de tempestade política. Citado na PF, PEC ampliaria imunidade para protegê-lo

Por Luiz Brandão

Sábado - 20/09/2025 às 23:42



Foto: Redes sociais Ciro Nogueira e Tony Rueda são amigos e presidentes de partidos importantes
Ciro Nogueira e Tony Rueda são amigos e presidentes de partidos importantes

Em meio ao maior escândalo de sua carreira política, o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, conhecido como Tony Rueda, tornou-se o principal interessado na chamada “PEC da Blindagem”, que amplia a imunidade parlamentar para incluir presidentes de partidos. A proposta visa proteger especificamente figuras como Rueda, citado na “Operação Carbono Oculto”, investigação que expôs ligações entre líderes do PCC, empresários da Faria Lima e políticos poderosos em Brasília.

A PEC ganhou urgência após a Polícia Federal (PF) abrir inquérito para apurar se Rueda é o real proprietário de pelo menos quatro aeronaves, avaliadas em R$ 60,4 milhões. As aeronaves, embora não estejam formalmente em seu nome, foram transferidas para terceiros, como o contador Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, de Fortaleza (CE).

A investigação tomou fôlego com o vazamento de um áudio de 2021, divulgado pelo portal Metrópoles neste sábado (20/09), no qual Rueda supostamente diz: “Tô. Eu tenho cinco, quero chegar a dez”, referindo-se a jatos particulares. Testemunhas, como o então presidente do PSL no Acre, Pedro Valério, e o ex-deputado federal Júnior Bozzella (União-SP), confirmaram a conversa. De acordo com as declarações, cada aeronave renderia cerca de R$ 500 mil mensais com serviços de táxi aéreo.

Além disso, o piloto Mauro Caputti Mattosinho, ex-funcionário da Táxi Aéreo Piracicaba (TAP), depôs que seu chefe se referia a Rueda como “chefe de um grupo que tinha muito dinheiro e precisava gastar” – com indícios de que as aeronaves seriam usadas por partidos ou pessoas ligadas ao crime organizado.

Rueda nega veementemente as acusações. Em nota, afirmou que seu nome “foi suscitado em um contexto absolutamente infundado” e prometeu adotar medidas legais para preservar sua reputação. Até o momento, ele não é formalmente investigado como alvo principal, mas a PF sinaliza que pode abrir um inquérito específico se novos indícios surgirem.

Criação da federação e saída do governo

No início de setembro, em movimento interpretado como estratégico, Tony Rueda e o senador Ciro Nogueira (PP) anunciaram a federação União Progressista Brasileira, unindo União Brasil e PP. No mesmo dia, determinaram que todos os filiados dos dois partidos deixassem seus cargos no governo Lula. A ordem atingiu os ministros do Esporte, André Fufuca (PP-MA), e do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA).

A manobra reforçou a autonomia da base aliada e ocorreu em um momento delicado para Rueda, sugerindo uma tentativa de fortalecer o grupo no Congresso enquanto ele enfrenta as investigações. Ruede que ser candidato a deputado federal em 2026 a partir da cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense (RJ).

Operação Carbono Oculto

A “Operação Carbono Oculto” é considerada a maior operação contra o crime organizado do país em termos de amplitude e cooperação institucional. Seu alvo é um esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, controlado pelo PCC, desde a importação até a comercialização final e ocultação de recursos por meio de fintechs e fundos de investimento.

A investigação sobre as aeronaves de Rueda integra a “Operação Tank”, que busca desvinar a real propriedade e o uso de jatos suspeitos de beneficiar políticos e organizações criminosas.

Enquanto a PEC da Blindagem avança no Congresso, a sociedade acompanha atenta se a imunidade proposta servirá à justiça ou à impunidade.

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