
Ana Azevedo, Layla Moura, Eryka Carollyne e Paula Moura, conhecidas nas redes sociais por sua forte presença como influenciadoras digitais, foram indiciadas, junto com outras 15 pessoas, por organização criminosa e apologia ao crime, após usarem seus perfis para exaltar facções, ostentar armas e incitar a violência.
A conclusão é da Polícia Civil do Piauí, que finalizou nesta quinta-feira (3) as investigações da Operação Faixa Rosa, conduzida pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). Ao todo, 19 pessoas foram indiciadas, sendo 18 presas preventivamente e uma ainda foragida.
Estrutura criminosa organizada
Durante a investigação, a polícia identificou uma estrutura criminosa organizada, com regras internas, hierarquia definida e códigos próprios. Áudios, vídeos e documentos apreendidos mostram como o grupo utilizava a internet para incitar o crime, divulgar endereços de rivais e recrutar novas integrantes para a facção.
Entre os materiais divulgados com autorização da Justiça, estão cadastros internos da organização, contendo nome verdadeiro, apelido, comunidade de atuação e data de entrada de cada integrante. Os formulários exigiam que as informações fossem atualizadas em caso de mudança de endereço, sob pena de sanções internas.
Áudios comprovam atuação coordenada
Com autorização judicial, a polícia também divulgou trechos de áudios e mensagens trocadas entre as acusadas, que comprovam a atuação coordenada do grupo nas redes sociais para fins criminosos. Em um dos áudios, Layla Moura pergunta:
“Cadê tu fez foi o reels dele? Manda aí.”
Em outro momento, Eryka Carollyne repassa informações sobre possíveis alvos da facção:
“Aí, só na maldade ele botou o endereço, ainda mostrou o jeito da casa aí, é mamão com açúcar pra derrubar todos os três.”
Já Paula Moura, conhecida como Palhacinha, reforça a doutrinação das novas integrantes:
“Se a Ana Azevedo quiser também, todo mundo dá uma forcinha pra ela aí... pra nossa irmã tá aprendendo com nós um pouco do dia a dia, aprendendo a ética do crime com nós aí...”
Operação Faixa Rosa
A Operação Faixa Rosa, deflagrada em abril deste ano, é considerada um marco no enfrentamento à chamada "glamourização do crime", fenômeno que tem se expandido em todo o país por meio de influenciadoras com grande alcance nas redes. Para o delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO, a repressão a esse tipo de conduta “vai além do aspecto criminal, é uma forma de proteger a juventude e preservar a integridade moral da sociedade”.
“Influenciadoras vêm utilizando as plataformas como vitrines do crime, promovendo uma estética violenta, banalizando a criminalidade e incentivando a adesão de jovens ao tráfico e ao confronto armado com o Estado. A repressão a esse tipo de conduta vai além do aspecto criminal, é uma forma de proteger a juventude e preservar a integridade moral da sociedade”, pontuou.
Confira na íntegra os áudios divulgados pela Polícia Civil:
Layla Moura dos Santos Feitosa: “Cadê tu fez foi o reels dele? Manda aí.”
Eryka Carollyne: “Aí, mais três safado aí.”
Layla: “Ei, esse bicho, “réi aí mora onde é?”
Layla: “Aí dizendo aí, Cidade Nova, duas ruas 22, casa 242 é a casa deles, ou é a casa desse Breno aí de camisa branca?”
Eryka Carollyne: “Ei, mãe, a casa desse Breno aí, as informações. Tá tudinho aí, foi o Arlindo.”
Eryka Carollyne: “Aí, só na maldade ele botou o endereço, ainda mostrou o jeito da casa aí, é mamão com açúcar pra derrubar todos os três.”
Paula Moura dos Santos (Vulgo Palhacinha): “Se a Ana Azevedo quiser também, todo mundo dá uma forcinha pra ela aí, pra nossa irmã aí. Pra nossa irmã está aprendendo com nós um pouco do dia a dia, aprendendo a ética do crime com nós aí, elas entraram agora, não sabe muito, né!...”
Ivana Azevedo Alves (Ana Azevedo): “Pelo contrário, em momento nenhum eu vim aqui falar nada para vocês não, entendeu! Tentei resolver com ela, somente com ela, até porque quem me deve é ela, não é nenhuma de vocês aqui. Então, todo tempo eu cheguei no direct dela, nunca vim atrás nem da madrinha pra tá falando sobre essas coisas, porque eu tentei resolver com ela. Eu sim iria levar ela para internet como vocês viram aí no print, porque eu sou uma pessoa pública e nós que somos blogueiras, algumas vezes é necessário postar algumas coisas…”
Mulher não identificada: “Certo é o certo, né, a gente se fechar, tá ligado, com emoção pensando que a organização vai estar resolvendo a vida de ninguém, vai estar resolvendo… A organização é para matar alemão, é para ganhar dinheiro, ganhar progresso parceiro, pega a visão da situação…”
Fonte: Polícia Civil do Piauí