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Parlamento do Irã aprova suspensão da cooperação com Agência Atômica

Parlamentares alegam que AIEA é cúmplice de Israel e dos EUA

Da Redação

Quarta - 25/06/2025 às 14:00



Foto: Reuters/Lisi Niesner Agência Atômica
Agência Atômica

O Parlamento iraniano aprovou, nesta quarta-feira (25), um projeto de lei que suspende a cooperação do Irã com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) até que o país receba garantias de segurança. O Irã acusa a AIEA de ser parcial e de agir em favor de Israel e dos Estados Unidos (EUA), alegando cumplicidade com os interesses ocidentais no Oriente Médio.

Mohammad Bagher Ghalibaf, presidente da Assembleia, anunciou em redes sociais que qualquer tipo de cooperação com a AIEA, incluindo o envio de relatórios ou a entrada de inspetores nas instalações nucleares, será proibido até que a segurança seja garantida. O porta-voz do Comitê de Segurança Nacional e Política Exterior do Parlamento iraniano, Ebrahim Rezai, acrescentou que o Irã exige respeito à sua soberania nacional e ao direito de enriquecer urânio, conforme estipulado no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Ele também solicitou que o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, fosse processado.

Essa medida ocorre após um período de tensões crescentes entre Irã, Israel e EUA, com o Irã acusando a AIEA de ser politicamente motivada e de agir para justificar a agressão contra o país. O governo iraniano defende que seu programa nuclear tem fins pacíficos e é compatível com o TNP, enquanto Israel e EUA alegam que o Irã estaria perto de desenvolver armas nucleares, o que Teerã nega.

O ponto de vista geopolítico

O professor de Geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), Ronaldo Carmona, destaca que, devido à ameaça existencial percebida pelo regime iraniano, o país pode ser incentivado a abandonar seu programa nuclear pacífico e buscar armas nucleares como uma forma de dissuadir possíveis ataques, especialmente de Israel. Ele lembra que o TNP deveria promover o desarmamento nuclear progressivo, mas que, na prática, os países têm sido cada vez mais incentivados a buscar armamento nuclear, especialmente aqueles que enfrentam ameaças externas.

O contexto da crise

O conflito entre o Irã e as potências ocidentais tem se intensificado desde o ataque de Israel ao Irã em junho de 2024, para impedir que o país desenvolvesse uma arma nuclear. Em resposta, os EUA também atacaram instalações nucleares iranianas, o que agravou ainda mais as tensões na região. Embora os EUA e a AIEA afirmem que o Irã não tem cumprido todas as suas obrigações nucleares, eles não têm provas de que o país esteja, de fato, desenvolvendo armas nucleares.

O governo iraniano, por outro lado, insiste que seu programa nuclear é destinado a fins pacíficos, como a produção de energia. Além disso, o Irã está no processo de renegociar acordos com os EUA para garantir o cumprimento do TNP, mas as tensões com Israel e os EUA continuam a afetar esse processo.

A postura de Israel e EUA

Israel, por sua vez, não aceita a ideia de que o Irã tenha direito a desenvolver armas nucleares, já que considera o regime de Teerã uma ameaça direta à sua existência. Vale ressaltar que, enquanto o Irã nega estar desenvolvendo armas nucleares, muitos acreditam que Israel mantém um programa nuclear secreto, com pelo menos 90 ogivas atômicas desde a década de 1950, mas nunca reconheceu oficialmente.

Essa dinâmica, com a escalada de hostilidades e a suspeita de programas nucleares secretos, continua a ser um dos principais pontos de fricção no Oriente Médio, e a suspensão da cooperação com a AIEA por parte do Irã provavelmente irá agravar ainda mais a situação diplomática e a confiança internacional em torno do país.

Fonte: Agência Brasil

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