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INVESTIGAÇÃO

Governo Trump abre investigação comercial sobre o Brasil

Presidente dos EUA justifica investigação e tarifas sobre produtos brasileiros afirmando poder agir livremente

Da Redação

Quarta - 16/07/2025 às 08:55



Foto: Reuters Presidente Donald Trump
Presidente Donald Trump

O governo dos Estados Unidos anunciou nessa terça-feira (15) o início de uma investigação sobre práticas comerciais consideradas “desleais” do Brasil. A medida visa analisar se políticas brasileiras no comércio são “irracionais ou discriminatórias” e se “oneram ou restringem o comércio dos EUA”, segundo comunicado do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR).

A investigação ocorre após o presidente Donald Trump anunciar, na quarta-feira passada (9), uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que passa a vigorar a partir de 1º de agosto. Trump justificou a ação mencionando uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro na Justiça.

Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado, liderança de organização criminosa armada e outras acusações. Na segunda-feira (14), a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu sua condenação no Supremo Tribunal Federal (STF).

O embaixador do comércio dos EUA, Jamieson Greer, explicou que a investigação foi determinada por ordem do presidente Trump “sobre os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”.

“O USTR detalhou as práticas comerciais desleais do Brasil, que restringem a capacidade dos exportadores americanos de acessar seu mercado há décadas, no Relatório Nacional de Estimativa de Comércio (NTE). Após consultar outras agências governamentais, consultores credenciados e o Congresso, determinei que as barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil merecem uma investigação completa e, potencialmente, uma ação corretiva”, afirmou Greer.

Entre as áreas listadas para investigação, estão:

  • Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, com a alegação de que o Brasil poderia retaliar empresas americanas que se recusassem a censurar discursos políticos;

  • Tarifas preferenciais, com Brasil concedendo tarifas mais baixas a parceiros comerciais competitivos, o que prejudicaria as exportações dos EUA;

  • Fiscalização anticorrupção, apontando falhas brasileiras em promover transparência;

  • Proteção à propriedade intelectual, com acusações de negação de proteção a direitos de inovação e criatividade;

  • Tarifas elevadas sobre o etanol americano;

  • Desmatamento ilegal, com o argumento de que o Brasil falha na aplicação das leis ambientais, prejudicando produtores norte-americanos de madeira e agrícolas.

Em reportagem, o The New York Times classificou a investigação como “uma das mais potentes armas de comércio” dos EUA e destacou que a medida representa uma escalada na disputa que renova debates sobre os poderes tarifários do governo Trump e sua interferência em políticas externas.

Na terça-feira (15), Trump disse a jornalistas que impôs as tarifas “porque pode fazer isso” e que deseja que mais dinheiro entre na economia americana. “Estamos fazendo isso porque eu posso fazer. Ninguém mais seria capaz”, afirmou, direto da Casa Branca, em Washington. “Temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos o dinheiro entrando nos EUA.”

Fonte: BBC NEWS

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