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Defesa da democracia

Líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado ganha Prêmio Nobel da Paz

Ela foi escolhida por representar um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos

Sexta - 10/10/2025 às 08:13



Foto: María Corina Machado
María Corina Machado

A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, foi a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2025, anunciou o Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, nesta sexta-feira (10). Ela foi reconhecida “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”. O prêmio totaliza 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões). Segundo o Comitê Norueguês, María Corina Machado foi escolhida por representar “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”

O texto do comitê descreve a opositora como uma figura unificadora em um cenário político antes fragmentado, capaz de reunir grupos rivais em torno da defesa de eleições livres e da restauração do Estado de Direito. “A democracia é uma condição prévia para a paz duradoura. Quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que se erguem e resistem”, destacou o comunicado.

Machado é fundadora do movimento Súmate, criado há mais de 20 anos para fiscalizar eleições e promover o voto livre no país. Ela se tornou símbolo da resistência ao regime de Nicolás Maduro, enfrentando perseguições, bloqueio de candidatura e ameaças à própria vida. Mesmo assim, decidiu permanecer na Venezuela. “Ela manteve-se no país, mesmo sob grave risco, inspirando milhões de pessoas”, diz o comitê.

Democracia sob repressão

A entidade lembrou que a Venezuela, antes considerada uma democracia estável, mergulhou em uma crise humanitária e econômica sob um regime “brutal e autoritário”. Segundo o texto, o país enfrenta pobreza extrema, êxodo de mais de 8 milhões de pessoas e repressão sistemática à oposição, com fraudes eleitorais, prisões e censura à imprensa.

Em 2024, Machado foi impedida de disputar as eleições presidenciais, mas apoiou Edmundo González Urrutia, candidato da oposição unificada. Centenas de milhares de voluntários se mobilizaram como observadores para proteger os votos, mesmo sob risco de detenção e tortura. O comitê destacou que “os esforços da oposição foram inovadores, corajosos, pacíficos e democráticos”.

O Comitê Norueguês afirmou que Machado cumpre os três critérios estabelecidos por Alfred Nobel para o prêmio: promover fraternidade entre nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz. “Ela demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz. María Corina Machado personifica a esperança de um futuro em que os direitos fundamentais dos cidadãos sejam protegidos e suas vozes ouvidas”, concluiu o comunicado.

Nobel da Paz

Pelo testamento de Alfred Nobel (1833-1896), o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz. O ano foi marcado por uma intensa campanha para que o presidente dos EUA, Donald Trump, receba a honraria, capitaneada pelo próprio republicano. Analistas já diziam antes do prêmio que as chances de Trump ser agraciado eram praticamente nulas nesta edição.

Fonte: G1

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