
O ex-presidente do Tribunal de Justiça do Piauí -TJPI, desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, que governou o Piauí interinamente por 20 dias, em 1994, avalia a gestão Rafael Fonteles (PT) como “boa”. Segundo ele, poucos administradores estaduais conquistaram essa nota em meio à turbulência global. “Nem Estados Unidos ou Europa vivem momento ótimo; dentro desse cenário, o Piauí vai bem”, afirmou.
Dados oficiais confirmam essa percepção sobre a gestão estadual. Um balanço apresentado em março mostra 73 % dos compromissos do plano de governo já executados, com meta de chegar a 90 % em 2025. Na economia, o Estado tornou-se terceiro maior produtor de energia solar e eólica do país, graças a parques como São Gonçalo e Lagoa dos Ventos. A ofensiva ganhou novo fôlego em maio, quando Fonteles assinou, na China, memorando de R$ 3 bilhões com a estatal CGN para projetos renováveis que devem gerar cinco mil empregos.
Brandão relaciona esses índices à “capacidade de diálogo” do governador com mercados internacionais e à política fiscal que estimula investimentos em tecnologia limpa. No entanto, pondera que o Brasil “ainda vive a reboque das grandes potências” em temas como inovação industrial e infraestrutura logística. “Temos agronegócio imbatível, mas guerras e barreiras tarifárias nos afetam. O segredo é manter estabilidade institucional para não espantar capital”, resume.
Sua própria experiência breve no Palácio de Karnak, obtida quando a linha sucessória afastou titular e vice, reforça a análise. “Aprendi que governar é equilibrar pratos: política, economia e expectativas”, diz. Hoje, o desembargador mantém trânsito entre diferentes correntes ideológicas.