
Teresina (PI) - Em entrevista exclusiva ao portal Piauí Hoje, o chefe geral da Embrapa Meio Norte, Anísio Ferreira Lima Neto, destacou os avanços e desafios da agricultura e pecuária no Piauí, em comemoração aos 50 anos da instituição no estado.
Com uma trajetória marcada por pesquisas científicas e inovações tecnológicas, a Embrapa transformou o Piauí em um dos principais polos de produção de alimentos do Nordeste, especialmente com o cultivo de soja, que hoje representa 95% das exportações do estado.
Soja: de clima temperado ao semiárido piauiense - Um dos marcos históricos da Embrapa no Piauí foi a introdução da soja em 1983, liderada pelo pesquisador Gilson Campelo. Na época, a soja era considerada uma cultura exclusiva de climas temperados, mas hoje domina 95% das exportações do estado e avança no semiárido. "A soja já chegou à região Norte e ao semiárido, e isso é um exemplo de como a ciência e a tecnologia podem transformar realidades", afirmou Anísio Lima.
Segundo dados da Embrapa, a produtividade da soja no Piauí saltou de 2 toneladas por hectare na década de 1980 para mais de 3,5 toneladas por hectare atualmente. O estado é hoje o maior produtor de soja do Nordeste, contribuindo significativamente para a balança comercial brasileira.
Tecnologia e sustentabilidade: o desafio do agronegócio - Anísio Lima ressaltou a importância da tecnologia para conciliar produção agrícola e preservação ambiental. "Com o avanço tecnológico conquistado pela Embrapa, não precisamos desmatar mais nenhum palmo de terra no Brasil. Podemos otimizar as áreas já desmatadas e aumentar a produtividade", explicou.
O chefe da Embrapa Meio Norte também abordou as críticas ao agronegócio, especialmente em relação ao desmatamento e ao abandono de terras. "Há queixas justas, mas também há soluções. A tecnologia permite produzir mais com menos recursos, e isso é fundamental para o futuro da agricultura", destacou.
Anísio Lima no estúdio do portal Piauí Hoje com o jornalista Luiz Brandão
Do Cerrado ao semiárido: a revolução agrícola brasileira - A Embrapa foi criada em 1972, em um contexto de escassez de alimentos e pouca expertise técnica no país. "Naquela época, o Brasil não produzia o suficiente para abastecer sua própria cesta básica", lembrou Anísio Lima. Com o envio de 1.000 profissionais para o exterior e a adoção de técnicas de melhoramento genético, a Embrapa transformou o Cerrado, antes considerado improdutivo, em uma das regiões mais férteis do mundo.
Hoje, o Piauí colhe os frutos dessa revolução. O estado se destaca na produção de abacate, zebu, galinha caipira e ovelha Santa Inês, além de culturas como arroz e feijão. A produtividade do arroz, por exemplo, saltou de 1 tonelada por hectare na década de 1970 para 10 toneladas por hectare atualmente, graças aos programas de melhoramento genético da Embrapa.
50 anos de Embrapa no Piauí: muito o que comemorar - Anísio Lima, que está há 15 anos na Embrapa, destacou o papel da instituição no desenvolvimento do agronegócio piauiense. "Temos muito a comemorar. A Embrapa é um caso de sucesso, fruto de um trabalho sério e comprometido com a ciência e a inovação", afirmou.
Para o futuro, o desafio é continuar avançando na produção sustentável e na inclusão de pequenos produtores rurais. "Precisamos levar conhecimento e tecnologia para todos os cantos do Piauí, garantindo que a agricultura familiar também se beneficie desses avanços", concluiu.
A entrevista
Acesse o link abaixo e assista a íntegra da entrevista com o chefe da Embrapa no Piauí, Anísio Lima Neto.