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DOCUMENTO

Economistas lançam Carta de Salvador contra a violência e desigualdade de gênero

Segundo o documento produzido pela Cofecon, a violência contra a mulher compromete desenvolvimento econômico do país

Da Redação

Terça - 09/09/2025 às 10:28



Foto: Cofecon 3º Seminário Nacional da Mulher Economista e Diversidade ocorreu em Salvador, Bahia
3º Seminário Nacional da Mulher Economista e Diversidade ocorreu em Salvador, Bahia

O 3º Seminário Nacional da Mulher Economista e Diversidade, organizado pelo Sistema Cofecon/Corecons e sediado pelo Corecon-BA em Salvador, resultou na divulgação da Carta de Salvador, documento que emerge das reflexões coletivas de economistas, pesquisadoras e representantes de entidades públicas, privadas e da sociedade civil sobre a urgência de combater a violência de gênero e desigualdades estruturais como requisitos básicos para o desenvolvimento econômico e social do país.

O seminário aprofundou debates sobre como a violência de gênero afeta o PIBo mercado de trabalho e a vida acadêmica das mulheres. Foram discutidas saídas como empregabilidade e empreendedorismo como formas de superação. Também destacou o painel sobre o movimento das mulheres economistas no Brasil, com um balanço de avanços e desafios enfrentados ao longo das últimas décadas.

Entre 2013 e 2023, 47.463 mulheres foram assassinadas, com 3.603 casos apenas em 2023, o que representa uma taxa de 3,5 mortes por 100 mil habitantes, sendo as mulheres negras 70% mais vulneráveis. 

A Pesquisa de Vitimização de 2025 indicou que 37,5% das mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano, com a violência psicológica como a mais comum. A feminização da pobreza também é alarmante. Os dados revelam ainda que 32% das mulheres vivem em situação de pobreza, percentuais que chegam a 45% entre mulheres negras, contra 21% entre mulheres brancas.

O seminário adotou como referência a Economia Feminista, que integra categorias como raça, classe e gênero para entender a violência em múltiplas dimensões, doméstica, laboral, institucional, política, digital e social.

A invisibilidade da economia do cuidado nas contas nacionais também foi criticada, assim como as barreiras enfrentadas por mulheres em carreiras nas áreas de STEM, economia, liderança e empreendedorismo.

Outro ponto destacado foi a distribuição desigual das tarefas domésticas: as mulheres dedicam, em média, 23 horas semanais a cuidados e afazeres domésticos, contra 11 horas dos homens. Essa disparidade compromete sua participação plena no mercado de trabalho e na política, impactando o desenvolvimento macroeconômico por meio de perda de talentos, retração de consumo e redução da arrecadação pública

Compromissos assumidos na Carta de Salvador

No documento, os participantes estabeleceram seis compromissos centrais:

  1. Reconhecer a violência de gênero como entrave ao desenvolvimento, ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e à democracia efetiva;
  2.  Defender políticas de cuidado com orçamento adequado, como o Plano Nacional de Cuidados e a Lei da Igualdade Salarial e Laboral;
  3.  Garantir crédito justo e inclusivo às mulheres empreendedoras, eliminando discriminações que resultam em juros mais altos;
  4.  Valorizar e contabilizar o trabalho de cuidado não remunerado na economia brasileira;
  5.  Promover a participação feminina em espaços de decisão política, acadêmica e econômica, com paridade efetiva;
  6. Fortalecer as Comissões de Mulheres Economistas no Sistema Cofecon/Corecons, ampliando redes de apoio e articulação nacional.

A Carta de Salvador conclui que não existe desenvolvimento econômico sustentável enquanto a violência e a desigualdade de gênero persistirem. E enfatiza que, além das mulheres, homens e pessoas de todos os gêneros precisam se engajar, junto ao setor público, para transformar indignação em políticas públicas e investimento em igualdade

"É urgente transformar a indignação em políticas públicas, o diagnóstico em ação e os custos da violência em investimento e igualdade".


Confira a carta aqui!

Fonte: Cofecon

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