Com um celular na mão e um olhar de turista curioso, o produtor de conteúdo Glauber Uchôa transformou seu amor pelo Piauí em negócio. Com mais de 700 mil seguidores nas redes sociais, ele mostra as belezas e potencialidades do estado para o mundo. O dono dos perfis @piauimeuamor e @teresinameuamor concedeu entrevista ao Podcast Piauí Hoje, sob o comando da jornalista Malu Barreto, e revelou seus cantos preferidos, falou sobre a nova ferramenta que está lançando e deu um recado importante sobre o futuro do turismo local.
Entrevista realizada na tarde de terça-feira (23) | Foto: Piauí Hoje
Ele contou que sua jornada começou de forma inusitada: "Na verdade, não comecei com turismo. Desde criança gosto de desenhar e comecei a postar desenhos sobre o Piauí no Facebook. A página foi crescendo e as pessoas começaram a mandar fotos. A gente foi percebendo que aquilo gerava um sentimento de pertencimento", contou.
O que era um hobby foi se transformando naturalmente em profissão. "Conforme o engajamento crescia, fui percebendo o potencial. Hoje, essa produção de conteúdo é também a minha fonte de renda", explicou Glauber, que é advogado mas agora dedica a maior parte do seu tempo aos perfis sobre o Piauí.
A curadoria dos lugares que visita e divulga segue um critério: o olhar de quem está conhecendo pela primeira vez. "Eu tento ter o olhar de quem está me seguindo, nunca tentando fazer um conteúdo pensando em mim mesmo. O que está me chamando a atenção agora sobre esse lugar? Poxa, esse prato aqui nesse restaurantezinho é muito bom, então vamos mostrar", explica. Essa busca pelo que é autêntico e relevante para o turista vem acompanhada de um cuidado: Glauber evita fazer críticas públicas. "Se eu não gosto, prefiro não postar. Entendo a minha missão como divulgar as coisas boas. Dá um feedback em off, mas publicamente, não".
Glauber Uchôa falou sobre a nova ferramenta que está lançando | Foto: Piauí Hoje
Quando o assunto são os lugares mais marcantes do Piauí, Glauber tem o seu top três. O primeiro é o Cânion do Rio Poti,em Castelo do Piauí "Você tem aquela experiência de navegar entre paredões de milhões de anos. Quando cheguei lá, percebi a grandiosidade daquilo ali", descreveu.
O segundo lugar preferido do produtor de conteúdo é o Delta do Parnaíba. “É uma riqueza muito grande, que mistura o rio com o mar, com dunas". E o terceiro é a Serra da Capivara, que descreve como espetacular. “Aquela história maravilhosa, aqueles paredões imensos. É um lugar que você começa a ficar encantado, já dirigindo".
Para resolver a dificuldade de encontrar informações organizadas sobre a estrutura turística nas cidades, Glauber criou um aplicativo.
"O Piauí é um estado que tem muito a crescer no turismo, mas falta um pouco de organização das informações. Uma pessoa que é de fora não sabe por onde começar", explicou. "A ideia do aplicativo é justamente ajudar os turistas a achar os serviços, restaurantes, hotéis, passeios, tudo em um único lugar".
Sobre Teresina, ele defende o potencial turístico da cidade. "Quando eu estou no Mercado Central, eu faço vídeo defendendo que aquilo ali é turismo. Porque eu, como turista, sempre que vou para alguma cidade, um dos lugares que eu faço questão de ir é o mercado, um lugar onde você encontra os produtos regionais da terra", argumenta, defendendo a revitalização do Centro da capital.
Para quem diz que o turismo no Piauí é caro, Glauber discorda. “A questão é saber procurar. O que não pode é você querer ir para a melhor pousada pagando o preço de uma comum". Ele contextualiza: "A logística no Piauí ainda é um problema. Para você trazer uma bebida para Barra Grande é diferente de estar em Fortaleza. O acesso às coisas é muito mais difícil, isso tudo encarece".
O produtor de conteúdo também falou da culinária piauiense, citou algumas das suas preferências. "São tantas maravilhas: carne de sol com a Maria Isabel, uma cajuína geladinha. Quem quiser uma galinha caipira, muito bom. Acho que isso aí todo mundo tem que provar".
Para ele, o setor do turismo tem muito no potencial e precisa superar os desafios para crescer. "O cearense, por exemplo, tem uma visão estratégica. Em tudo ele vê potencial comercial. E aqui a gente ainda não tem isso. As pessoas ainda são muito fechadas". Para ele, a mudança começa com os gestores: "Quando o prefeito é envolvido, você vê que ele faz a diferença, porque enxerga a potencialidade. É um trabalho de formiguinha".
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