Geral

DIREITOS HUMANOS

Dia dos jornalistas: como conteúdos profissionais podem vencer fakes

Pesquisadores avaliam estratégias para combater desinformação

Da Redação

Segunda - 07/04/2025 às 08:28



Foto: Freepik Fake news
Fake news

De um lado, há postagens que se parecem com notícias, mas muitas vezes são feitas de forma amadora e se apresentam como se estivessem tentando expor irregularidades. Do outro lado, temos as notícias e reportagens feitas por jornalistas profissionais, que se baseiam em investigação e verificação dos fatos. Esse é o grande confronto.

Vencer essa disputa pela atenção do público tem sido um dos maiores desafios para jornalistas e veículos de comunicação. Esse é um debate importante, especialmente em datas como o Dia do Jornalista, comemorado no dia 7 de abril.

Pesquisadores consultados pela Agência Brasil afirmam que essa disputa envolve questões como o direito à informação e a manutenção da democracia. Embora o contexto não seja simples, quem estuda o tema acredita que há formas de proteger a sociedade por meio de estratégias em diferentes áreas.

A popularidade da desinformação

O motivo pelo qual uma parte da sociedade prefere conteúdos desinformativos pode ser explicado pela dificuldade de acesso a informações profissionais até o final do século 20. Segundo a professora Sílvia Dal Ben, que pesquisa jornalismo automatizado na Universidade do Texas, a internet ajudou a democratizar o acesso à informação e até mesmo os meios de produzir conteúdos.

Ela afirma que o jornalismo sensacionalista atrai muita atenção porque, além do estilo, a infraestrutura tecnológica também favorece esse tipo de conteúdo.

“Nos últimos 30 anos, a democratização dos meios de comunicação deu a muitas pessoas a oportunidade de acessar e produzir conteúdos jornalísticos que antes não tinham”, explica.

No entanto, isso também abriu espaço para a propagação de informações falsas, que têm o objetivo de manipular a opinião pública. "É como se vivêssemos em uma Torre de Babel, onde as pessoas se comunicam, mas não se entendem", diz Sílvia Dal Ben.

Mudança de mentalidade

A pesquisadora acredita que foi um erro pensar que a internet deveria fornecer informações mais curtas e simples. "Isso abriu espaço para uma alfabetização digital superficial. Nós, jornalistas, precisamos mudar essa mentalidade e parar de produzir notícias rasas e mal apuradas", critica.

Ela defende que o jornalismo deve ser baseado em informações verificadas e bem apuradas. Para vencer essa batalha, o mais importante é oferecer conteúdo de qualidade, feito por jornalistas que tenham tempo e recursos para realizar um bom trabalho.Entenda causa da morte da jornalista Gloria Maria — Foto: Divulgação/Paulo Belote

Combate com qualidade

A professora Fabiana Moraes, da Universidade Federal de Pernambuco, acredita que o jornalismo profissional já está combatendo as notícias falsas com uma estética semelhante às dessas postagens, mas com conteúdo responsável.

Ela afirma que é importante usar a estética das fake news, mas com informações bem apuradas e bem escritas. "A forma pode ser parecida, mas o conteúdo precisa ser jornalístico", afirma.

Fabiana destaca também que a disputa vai além das redes sociais, pois as fake news capturam a atenção das pessoas com seu apelo sensacionalista e informações de baixa qualidade.

Nova forma de distribuir conteúdo

Sílvia Dal Ben sugere que os jornalistas devem utilizar as mesmas ferramentas usadas pelos influenciadores e personalidades de redes sociais para distribuir conteúdos de qualidade. Ela defende que, além de adaptar o formato, o conteúdo precisa ser distribuído de forma eficiente.

A professora Thaïs de Mendonça Jorge, da Universidade de Brasília, também acredita que é necessário melhorar as estratégias para atrair o público, já que o interesse pela leitura tem diminuído no Brasil. "Precisamos mostrar como o conteúdo pode ser interessante para a vida das pessoas", diz ela. William Bonner/Reprodução 

Alfabetização midiática

A professora Sílvia Dal Ben defende que é urgente investir em alfabetização midiática para ensinar as pessoas a identificar conteúdos de qualidade e distinguir as informações verdadeiras das falsas.

O pesquisador Josenildo Guerra, da Universidade Federal de Sergipe, destaca que é preciso criar novos formatos de conteúdo que sejam informativos e, ao mesmo tempo, interessantes para o público, já que as fake news têm grande apelo.

A força do jornalismo profissional

Samira Castro Cunha, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), acredita que o jornalismo profissional tem uma vantagem que as fake news não têm: o compromisso com a verdade, a apuração séria e a responsabilidade pública.

Ela defende que, quando o jornalismo consegue explicar de maneira clara e precisa assuntos complexos, conquista a confiança das pessoas. "Essa confiança é o que nos ajuda a vencer o ruído das mentiras. A credibilidade, construída com ética e consistência, é nosso maior trunfo", conclui.

Fonte: Agência Brasil

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia:

Mais conteúdo sobre:

Dia dos jornalistas
<