
O Brasil está enfrentando uma redução contínua no número de nascimentos. Em 2023, o país registrou 2,52 milhões de nascimentos, o que representa uma queda de 0,7% em relação a 2022 e é a quinta redução consecutiva nos últimos anos. Esse número é 12% menor do que a média de nascimentos nos cinco anos anteriores à pandemia de COVID-19 (2015-2019), que foi de 2,87 milhões.
Essas informações fazem parte da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram coletados diretamente em cartórios espalhados pelo país.
Números de nascimentos ano a ano:
- 2018: 2,9 milhões
- 2019: 2,81 milhões
- 2020: 2,68 milhões
- 2021: 2,64 milhões
- 2022: 2,54 milhões
- 2023: 2,52 milhões
Embora o número total de registros de nascimentos tenha sido de 2,6 milhões em 2023, o IBGE explica que 2,9% (aproximadamente 75 mil) desses registros são de pessoas que nasceram em anos anteriores, registradas apenas em 2023.
Tendência histórica:
Segundo a série histórica do IBGE, o número de nascimentos de 2023 (2,518 milhões) é o menor desde 1976, quando foram registrados 2,467 milhões de nascimentos. No entanto, a pesquisadora Klivia Brayner de Oliveira ressalta que a queda histórica deve ser interpretada com cuidado, pois no passado, o sub-registro de nascimentos era mais alto, e hoje os dados estão mais próximos da realidade.
Fatores da redução:
A diminuição no número de nascimentos pode ser atribuída a diversos fatores, como:
- Custos elevados para criar filhos.
- Maior acesso a métodos contraceptivos, incluindo para pessoas de baixa renda.
- Mudanças nas prioridades das mulheres, que hoje priorizam educação, carreira e autonomia financeira, além de adiar o momento de ter filhos.
Além disso, mulheres mais velhas, especialmente aquelas com 30 anos ou mais, estão decidindo ter filhos mais tarde. Em 2003, 20,9% dos nascimentos eram de mães de até 19 anos, enquanto em 2023 esse percentual caiu para 11,8%. Por outro lado, a proporção de mulheres com 30 anos ou mais aumentando. Em 2023, 39% dos nascimentos foram de mães nessa faixa etária, um aumento significativo em relação aos 23,9% de 2003.
Diferenças regionais:
As taxas de fecundidade também variam significativamente entre as regiões do Brasil:
- No Norte e Nordeste, a participação de mulheres de até 19 anos nos nascimentos é mais alta, com destaque para o Acre (21,4%), Amazonas (20,5%) e Pará (19,2%).
- Já nas regiões Sudeste e Sul, as mães com 30 anos ou mais têm maior participação nos nascimentos. O Distrito Federal destaca-se com 49,4% de nascimentos por mulheres dessa faixa etária.
Outras estatísticas importantes:
O IBGE também apresentou dados sobre óbitos no Brasil. Em 2023, o número de mortes caiu para 1,43 milhão, uma redução de 5% em relação a 2022. Grande parte dessa queda está relacionada ao fim da pandemia de COVID-19, com uma diminuição de 55,7 mil mortes atribuídas a doenças respiratórias e virais.
Além disso, a maioria das mortes (cerca de 90%) foi por causas naturais, e o restante, aproximadamente 7%, foi causado por fatores não naturais, como acidentes, homicídios e suicídios. A razão de sexo das mortes mostra que, em média, morrem 121,2 homens para cada 100 mulheres, com uma diferença ainda mais acentuada nas faixas etárias mais jovens.
Esses dados revelam uma transformação demográfica no Brasil, com uma mudança no comportamento reprodutivo das mulheres, o envelhecimento da população e um impacto significativo da pandemia no número de mortes.
Fonte: Agência Brasil