
O Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) atualizou sua política interna em julho de 2025 para se alinhar à ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em fevereiro deste ano, que proíbe a participação de mulheres trans em competições femininas. A mudança foi oficializada na atualização da Política de Segurança de Atletas da entidade, citando a Executive Order 14201, intitulada “Keeping Men Out of Women’s Sports”, e a Lei Ted Stevens, que regula o esporte olímpico e amador no país.
Segundo o USOPC, a revisão da política tem como objetivo “garantir um ambiente justo e seguro para mulheres”, conforme os termos da ordem presidencial. A medida foi comunicada por meio de um memorando enviado à comunidade esportiva olímpica pelos dirigentes da entidade, o presidente Gene Sykes e a CEO Sarah Hirshland. O documento ressalta que, por ser uma organização com carta federal, o comitê tem a obrigação de cumprir as expectativas do governo dos Estados Unidos.
Transfobia no esporte
A ordem assinada por Trump em fevereiro determina que o Departamento de Justiça assegure que todos os órgãos federais, incluindo instituições escolares, esportivas e educacionais, proíbam a participação de meninas e mulheres trans em esportes femininos, com base na interpretação de que o Título IX, legislação que proíbe discriminação por sexo na educação, se aplica apenas ao sexo biológico. A medida também estabelece que o Departamento de Estado negue vistos a atletas trans que desejem competir em solo americano, e instrui o governo a pressionar o Comitê Olímpico Internacional (COI) a rever suas diretrizes de inclusão.
Além disso, Trump já declarou que não permitirá a participação de atletas trans nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028, caso as regras do COI não sejam modificadas. Atualmente, as diretrizes internacionais permitem a presença de atletas trans em competições, desde que cumpram critérios relacionados a níveis hormonais e tempo de transição.
A nova política do USOPC não detalha diretamente como será feita a exclusão nas seleções e eventos, mas impõe que as federações esportivas filiadas adotem medidas compatíveis com a diretriz federal. Algumas entidades, como a USA Fencing, já começaram a ajustar suas normas. A medida, no entanto, tem gerado críticas de organizações civis e de direitos humanos, que acusam o governo e o comitê de cederem a pressões políticas em detrimento da inclusão e da segurança de atletas trans.
Apesar da mudança, o número de atletas trans em competições oficiais é pequeno. Segundo dados apresentados ao Senado pela NCAA (Associação Atlética Universitária), menos de 10 atletas trans competem entre os mais de 530 mil esportistas das 1.100 instituições filiadas à entidade.
A adoção da nova política pelo USOPC representa um movimento decisivo na política esportiva dos Estados Unidos e intensifica o debate internacional sobre os limites entre inclusão, competitividade e direitos civis nos esportes, especialmente com os Jogos de Los Angeles se aproximando.
Fonte: CNN Brasil