
No dia 1º de abril pessoas ao redor do mundo se preparam para pregar peças e espalhar histórias engraçadas, muitas vezes absurdas, com o único propósito de enganar de maneira bem-humorada. Esse é o Dia da Mentira, também conhecido como Dia dos Bobos, ou, em alguns países, o Dia dos Tolos. Mas você já parou para pensar de onde vem essa tradição que faz todo mundo dar risada?
A história do Dia da Mentira remonta ao século 16, mais especificamente a um momento importante na Europa. Durante a Idade Média, o Ano Novo era comemorado no final de março, entre o dia 25 e 1º de abril, em várias regiões da França. As festas duravam uma semana, em clima de celebração pela chegada da primavera.
No entanto, em 1564, o rei Carlos IX da França decidiu que o Ano Novo passaria a ser comemorado em 1º de janeiro, após a adoção do Calendário Gregoriano. Muitos franceses não aceitaram bem a mudança e continuaram a celebrar o novo ano em abril. Para se divertir com os que ainda seguiam o calendário antigo, os mais espertos começaram a fazer piadas, mandar convites para festas falsas e dar presentes inúteis. Esses trotes passaram a ser conhecidos como “plaisanteries” — uma forma de ridicularizar os mais "desatentos" com a nova data.
A chegada no Brasil
A ideia de pregar mentiras no Dia da Mentira chegou ao Brasil no século 19. Em 1828, no estado de Minas Gerais, o jornal A Mentira foi lançado no 1º de abril, trazendo uma notícia falsa sobre a morte de Dom Pedro I, o que causou grande alvoroço na época. No dia seguinte, a verdade foi revelada, e a brincadeira se espalhou. A partir de então, o 1º de abril passou a ser marcado por piadas e pegadinhas por todo o país.
Tradições pelo mundo
Em países de língua inglesa, a data é conhecida como April Fools' Day — o Dia dos Tolos. Já na França, a brincadeira é chamada de Poisson d’Avril (Peixe de Abril), e na Itália, o termo usado é Pesce d'Aprile. Em todos esses lugares, a prática é a mesma: enganar os outros de maneira divertida.
Em algumas regiões do Brasil, como no Rio Grande do Sul, onde muitos descendentes de alemães vivem, a data é chamada de Der Aprilscherz e a vítima é chamada de Dummkopp ou Dappes — algo como "bobão" ou "tolo". Além disso, a tradição germânica inclui a prática de mandar alguém desavisado cumprir tarefas absurdas ou entregar mensagens sem sentido.
Com o tempo, o Dia da Mentira ganhou força em todo o mundo. Hoje, é uma data que transcende as fronteiras da França, do Brasil, e dos países de língua inglesa, com piadas sendo feitas em escolas, empresas e nas redes sociais. De boatos sobre celebridades a notícias absurdas de invenções tecnológicas ou descobertas científicas, a criatividade não tem limites quando o objetivo é pregar uma boa peça.Pessoas vestidas de palhaços e bobos da corte passeiam durante um festival de temática medieval que acontece na região da Picardia, na França.
Foto de Jules Gervais Cortellemont, Jules Gervais Cortellemont
A tradição na era digital
Com o crescimento das redes sociais e da internet, o 1º de abril ganhou novos rumos. Hoje, as pessoas criam vídeos, memes, e posts para enganar amigos e seguidores, compartilhando notícias inusitadas, como invenções tecnológicas inexistentes ou anúncios de eventos absurdos. Grandes empresas também aderem à brincadeira, com lançamentos de produtos fictícios, como a Google e o YouTube, que já criaram vídeos e anúncios falsos para o Dia da Mentira.
Embora a origem do Dia da Mentira seja bem documentada, as comemorações variam em cada região. Para muitos, essa data é uma oportunidade para aliviar as tensões do dia a dia e rir um pouco das situações mais absurdas. Afinal, quem nunca caiu em uma pegadinha, não é mesmo? Mas, claro, como toda brincadeira, é preciso ter cuidado para não ultrapassar os limites do respeito e da ética.
Em resumo, o 1º de abril é mais do que uma data para contar mentiras. É uma tradição que conecta culturas e gera risadas, lembrando-nos que, às vezes, um bom humor pode ser uma forma de protesto, diversão e até mesmo de crítica social. E você, já caiu em alguma mentira de 1º de abril?