
A pesquisadora Larissa Bombardi, em sua mais recente publicação "Agrotóxicos e Colonialismo Químico", revela os impactos negativos da agricultura voltada para a produção de commodities no Brasil. Bombardi, que está exilada na Europa após ataques sofridos pela divulgação do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, denuncia a redução significativa nas áreas de cultivo de alimentos essenciais. De acordo com seus dados, a área destinada ao cultivo de feijão caiu 40%, refletindo uma tendência geral de declínio na produção de arroz, feijão, trigo e mandioca.
A pesquisa ressalta que a prioridade na produção de mercadorias destinadas à comercialização em bolsas de valores, com preços ditados pelo mercado internacional, está prejudicando a produção de alimentos básicos. “O destino dessas terras (griladas) tem sido para a produção de commodities, essas mercadorias que são comercializadas na Bolsa de Valores, que tem o seu preço estabelecido nesse grande cassino internacional”, afirmou Bombardi.
Ela critica a lógica dessa agricultura, que considera inadequada para garantir a segurança e soberania alimentar. “Isso é o maior símbolo do escândalo e mostra o quanto essa agricultura não alimenta a população. O preço dos alimentos flutua ao sabor do mercado internacional, o que não está voltado para a segurança e para a soberania alimentar”, destacou.
A pesquisadora, que é mestra, doutora e pós-doutora em Geografia Humana, conclui com uma dura observação sobre a realidade alimentar no Brasil.
“É uma agricultura que não nos alimenta. A fome aumentou nos últimos dez anos. A gente não está alimentando a população brasileira.”
Fonte: Jornal Opção