A onda de incêndios que toma o país pode estar mexendo com o ânimo do nordestino. Essa é uma das conclusões da última Pesquisa Bimestral RADAR FEBRABAN, que avalia a percepção e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para o país.
Ao serem perguntados se o Brasil estava melhor agora do que no ano passado, 44% dos moradores da região responderam que o país se encontrava em melhor situação. O resultado significa uma redução de 12 pontos percentuais em relação à visão de julho passado. Foi a segunda maior queda em avaliação positiva sobre o país em toda a pesquisa – o Norte registrou decréscimo de 14 pontos percentuais; Sul, 7, e Centro-Oeste, 5. O Sudeste foi a única região em que a percepção positiva cresceu (6 pontos percentuais).
Ainda em relação aos resultados do Nordeste, 36% disseram que o país está igual em relação ao ano passado; 18% acreditam que o país piorou, enquanto 2% não souberam ou não quiseram responder. Na média nacional, 42% avaliaram que o país melhorou em relação a 2023, quatro pontos a menos que o registrado em julho. É praticamente estável o contingente que acha que o país está igual ao ano passado (32%, um ponto a mais que na onda anterior). Por sua vez, a percepção de piora sofreu variação de mais dois pontos, indo de 23% em julho para 25% em setembro. Considerado o horizonte de 12 meses, o movimento também é de recuo da percepção de melhoria.
A análise da pesquisa destaca que o Brasil vive “a pior seca dos últimos 70 anos, o que tem provocado ondas de calor, graves queimadas e ondas de fumaça na maioria do país, afetando a saúde da população, os preços dos alimentos, a economia dos municípios, entre outros. Como os resultados do levantamento atual mostram, esse cenário afeta o humor da sociedade, a agenda de prioridades e a percepção sobre o país”.
Ainda segundo a pesquisa, a preocupação em relação ao país não impede o otimismo do brasileiro em relação à vida pessoal: 69% dos entrevistados na região acreditam que até o final de 2024 a vida pessoal e de sua família vão melhorar. Apenas 29% disseram que essa situação vai ficar igual ou piorar.
“O que explica o paradoxo, à primeira vista, entre a percepção do país e os sentimentos quanto à vida pessoal? A visão do país foi afetada pela repercussão da tragédia natural – seca severa e queimadas generalizadas – ao passo que a dinâmica da economia, com baixo desemprego e PIB em ascensão, leva as pessoas a serem otimistas na dimensão pessoal”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.
Fonte: Radar Febraban