
Em meio à intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que não há risco de recessão no Brasil. Segundo ele, a economia brasileira está preparada para enfrentar possíveis impactos externos, graças à sua escala, reservas cambiais e crescimento recente.
"Não vejo risco de recessão no Brasil. Obviamente estamos olhando a situação e temos que verificar como as tensões vão se acomodar. Difícil acreditar que as tarifas mútuas vão se manter. É algo que desorganiza demais as cadeias produtivas globais", disse Haddad à CNN Brasil.
O ministro destacou que o Brasil possui reservas cambiais robustas, um saldo comercial positivo e está colhendo uma supersafra. Além disso, mencionou a taxa de juros elevada como um fator que contribui para a estabilidade econômica do país. Haddad também ressaltou a importância de manter a prudência diplomática e de fortalecer o livre comércio.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou sobre o tema, enfatizando a neutralidade do Brasil na disputa entre as duas maiores economias do mundo. "Eu quero vender e comprar. Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos, quero ter relação com a China. Eu não quero ter preferência sobre um ou sobre outro. Quem tem que ter preferência são os meus empresários que querem negociar", afirmou Lula em declaração à imprensa nesta terça-feira (22), ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric.
O governo brasileiro vê na tensão comercial uma oportunidade para aumentar as exportações, especialmente de produtos agrícolas, como soja, carne bovina e de frango. A China é o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, respondendo por uma fatia significativa do mercado. Recentemente, o país asiático habilitou quatro novos frigoríficos brasileiros para exportar carne bovina, o que não acontecia desde 2019.
Além disso, o Brasil tem buscado diversificar sua pauta de exportações e ampliar acordos comerciais com outros países. Nos últimos 15 meses, o país celebrou a abertura de 105 novos mercados em 50 países, mais que o dobro do registrado no mesmo período da gestão anterior. O presidente Lula também destacou a importância de manter relações comerciais equilibradas, enfatizando que o país deve tanto vender quanto comprar para evitar déficits na balança comercial.
Em relação às medidas unilaterais adotadas pelos Estados Unidos, como o aumento de tarifas sobre produtos chineses, o governo brasileiro tem adotado uma postura cautelosa. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o Brasil não entrará em nenhuma guerra comercial e continuará a defender o fortalecimento do livre comércio e do multilateralismo.
Fonte: Brasil 247