![Ministro da Fazenda, Fernando Haddad](https://piauihoje.com/uploads/imagens/54086349853-99d9084d25-o-1734000774.jpeg)
O Brasil está atento ao possível anúncio de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio dos Estados Unidos, que pode ser feito pelo presidente Donald Trump nesta segunda-feira (10). Em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o governo brasileiro só tomará qualquer atitude formal após o anúncio oficial das medidas tarifárias.
"Estamos aguardando uma decisão concreta. Não vamos nos manifestar com base em anúncios preliminares ou que possam ser revistos. A manifestação do governo será oportunamente, de acordo com a medida oficial", declarou Haddad em entrevista a jornalistas. O ministro reafirmou a cautela adotada pelo governo diante de anúncios que ainda podem ser alterados ou reinterpretados.
O governo brasileiro já se preparava para a possibilidade de uma resposta caso os Estados Unidos aumentem as tarifas sobre o aço e alumínio, que são itens de grande importância para as exportações brasileiras. Durante o mês de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre a estratégia de reciprocidade, caso o governo dos EUA adote medidas prejudiciais às exportações brasileiras. Na ocasião, Lula afirmou: "Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil. Vamos taxar os produtos que são exportados pelos Estados Unidos. É simples, não tem nenhuma dificuldade."
Esse tipo de medida, adotada anteriormente por Trump, teve impactos diretos sobre a indústria brasileira, principalmente nas siderúrgicas. No governo Trump, em 2018, os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre o alumínio, o que levou o Instituto Aço Brasil a alertar para possíveis cortes de produção e demissões no setor. No entanto, essas tarifas foram suspensas posteriormente, quando o governo dos EUA reviu sua política comercial e retirou a taxação sobre os produtos do Brasil, além de outros países parceiros comerciais como o Canadá e a União Europeia.
O Brasil, atualmente, ocupa a segunda posição como maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. De acordo com dados do Departamento de Comércio dos EUA, em 2024, o Brasil foi responsável por aproximadamente 18% das importações norte-americanas de ferro fundido, ferro ou aço. Em 2023, os EUA adquiriram produtos de aço e alumínio brasileiros que representaram uma parte significativa do comércio bilateral.
Esses números ilustram a importância do setor siderúrgico para a economia brasileira e sua conexão com o mercado norte-americano. A elevação das tarifas pelos EUA pode não só impactar o comércio bilateral, mas também gerar uma pressão adicional sobre o mercado interno brasileiro, forçando o governo a adotar medidas de compensação, caso o aumento de tarifas se concretize.
Neste cenário de incerteza, a postura do governo brasileiro, conforme destacado por Haddad, reflete um alinhamento com a prudência, buscando evitar declarações precipitados ou que possam agravar ainda mais as relações econômicas entre os dois países.
Fonte: G1