A Ferrari está se antecipando às transformações do mercado automotivo e registrou uma patente que pode redefinir o conceito de supercarros. A marca italiana está desenvolvendo um motor de combustão interna movido a hidrogênio, com uma configuração radical: seis cilindros em linha invertidos e uma série de soluções inovadoras para manter o alto desempenho característico da montadora. A estratégia visa preparar a Ferrari para um futuro onde os motores a gasolina podem ser restringidos e os elétricos, por si só, não atenderiam às expectativas de experiência de condução da marca.
Uma alternativa viável ao elétrico?
Segundo Flavia Marinho, a ideia da Ferrari é oferecer uma alternativa competitiva ao modelo 100% elétrico, garantindo que a experiência de dirigir um supercarro continue emocionante. A transição para veículos elétricos ainda enfrenta desafios significativos, como o peso elevado das baterias, o tempo de recarga e a necessidade de infraestrutura de carregamento. Os motores a hidrogênio podem contornar essas limitações, pois permitem reabastecimento rápido e menor impacto no peso total do veículo, fatores essenciais para o alto desempenho esperado em um Ferrari.
A patente descreve diferentes formas de armazenar o hidrogênio, incluindo quatro tanques estrategicamente posicionados para preservar a aerodinâmica e a distribuição de peso ideal. Dois desses tanques seriam esféricos, alocados nas laterais do motor, enquanto os outros dois seriam cilíndricos, situados acima do motor. Essa configuração permitiria um design compacto e eficiente, mantendo o centro de gravidade baixo, algo crucial para a estabilidade e dirigibilidade do carro.
Inovação no sistema de propulsão e o combustível do futuro
Outro destaque apontado na patente é o uso de turbocompressores elétricos reversos, uma tecnologia que poderia revolucionar a forma como os motores a hidrogênio operam. Em vez de apenas aumentar a pressão do motor, esses componentes também funcionariam como geradores de eletricidade, aproveitando os gases de escape para alimentar um motor elétrico independente no eixo dianteiro. Esse sistema melhoraria a eficiência energética e o desempenho, ao mesmo tempo que ajudaria na recuperação de energia durante frenagens.
Além disso, o posicionamento do motor e da transmissão também chama atenção. A Ferrari projeta esse novo propulsor em uma configuração central, atrás da cabine e sobre o eixo traseiro, semelhante ao layout tradicional de seus superesportivos. Isso permite melhor equilíbrio de peso e uma dinâmica de direção mais agressiva, preservando a sensação de condução única dos modelos da marca.
O desenvolvimento de um motor movido a hidrogênio faz parte de uma estratégia mais ampla da Ferrari para se adaptar às novas regulações ambientais sem abrir mão de sua identidade esportiva. A montadora já explora combustíveis sintéticos neutros em carbono, que podem ser uma alternativa viável para manter os motores a combustão ativos por mais tempo. Além disso, a marca já lançou veículos híbridos, como o SF90 Stradale e o 296 GTB, que combinam motores elétricos e a combustão para melhorar a eficiência e o desempenho.
Embora a patente do motor 6 em linha invertido movido a hidrogênio não signifique que um modelo comercial com essa tecnologia será lançado em breve, ela reforça a visão da Ferrari para um futuro mais sustentável sem comprometer o DNA esportivo da marca. Se a tecnologia se mostrar viável, poderá representar uma revolução na indústria automotiva, oferecendo um caminho alternativo à eletrificação total e mantendo viva a essência dos supercarros.
Fonte: Click Petróleo e Gás