Economia

FRAUDES NO INSS

Diretores do INSS nomeados por Bolsonaro facilitaram fraudes que somam R$ 2,1 bilhões

Convênios irregulares com entidades fantasmas lesaram aposentados; CGU e PF apontam repasses ao “careca do INSS” e estruturas inexistentes

Da Redação com informações do Brasil 247

Sexta - 16/05/2025 às 10:11



Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil Edfício sede do INSS
Edfício sede do INSS

As fraudes bilionárias INSS durante o governo Bolsonaro somaram R$ 2,1 bilhões em convênios irregulares firmados com entidades suspeitas, revelou uma investigação da coluna de Fabio Serapião, no Metrópoles. 

O esquema, que começou a ser desmontado em julho de 2024 após denúncias e a operação “Sem Desconto”, envolve diretores da Diretoria de Benefícios indicados por Bolsonaro, que aprovaram convênios permitindo descontos diretos nos benefícios de aposentados e pensionistas para repasses a assoiações que não tinham estrutura para atender os segurados e, em alguns casos, estavam ligadas a operadores investigados por corrupção.

Ao todo, 30 entidades foram beneficiadas por convênios entre os governos Bolsonaro e Lula, mas o impacto financeiro é bem distinto: 12 entidades conveniadas na gestão Bolsonaro movimentaram R$ 2,1 bilhões, enquanto as 18 do governo Lula resultaram em descontos de R$ 235 milhões.

Esquema sob comando bolsonarista

O núcleo da fraude ganhou força a partir de 2021, com a chegada de José Carlos Oliveira à Diretoria de Benefícios do INSS. Parceiro de confiança de Bolsonaro, Oliveira ainda comandaria o INSS e, mais tarde, o Ministério da Previdência. Foi ele quem assinou os convênios com a ABRAPPS, R$ 2 milhões, AMBEC, R$ 500 milhões, e AAPB, R$ 191 milhões.

A AMBEC, segundo a PF, repassou R$ 11,9 milhões ao operador Antonio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”. Já a AAPB é apontada como ligada à advogada Cecília Rodrigues, que também aparece associada a outras entidades sob investigação. Ambas foram citadas em auditorias da CGU, que questionam sua estrutura operacional. A AMBEC sequer possui atendimento presencial e a AAPB, apesar de atuação nacional, tem sede única em Fortaleza (CE).

Novos diretores, novos convênios

O sucessor de Oliveira, Sebastião Faustino de Paula, manteve o ritmo de convênios bilionários. Em sua gestão, foram firmados acordos com CAAP, R$ 251 milhões, UNIVERSO, R$ 225 milhões,  UNASPUB, R$ 267 milhões, e CINAAP, R$ 14 milhões. A UNASPUB, assim como a AMBEC, é investigada por repasses ao “careca do INSS”.

A auditoria da CGU em março de 2024  revelou que a entidade UNIVERSO, com mais de 250 mil associados em 4.219 municípios, contava com apenas oito funcionários fixos e cinco colaboradores eventuais. A estrutura foi considerada “claramente insuficiente” pelos técnicos federais.

Entre junho de 2022 e fevereiro de 2023, Edson Yamada assumiu a diretoria e continuou a política de convênios. Apesar de sua permanência já ocorrer sob o início do governo Lula, Yamada também é ligado ao bolsonarismo e aparece como sócio de José Carlos Oliveira em uma empresa citada em relatórios da PF. Sob sua assinatura, foram aprovados convênios com CBPA, R$ 221 milhões, AP Brasil, R$ 137 milhões e CEBAP, R$ 195 milhões.

CBPA, segundo a CGU, operava em uma “pequena sala comercial” e não demonstrava capacidade técnica para atender à base de associados.

Falhas estruturais e prejuízo direto a aposentados

A Controladoria-Geral da União encontrou deficiências estruturais crônicas nas entidades. Muitos aposentados sequer conseguiam contato com os canais de atendimento — o que dificultava cancelamentos de cobranças e questionamentos sobre serviços. Segundo os técnicos da CGU, em alguns casos, a estrutura era tão precária que nem mesmo o cadastramento de novos associados era possível, embora os descontos continuassem sendo realizados nos contracheques dos beneficiários.

Fonte: Brasil 247

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