
No próximo dia 24 de julho, a partir das 16h, a Avenida Frei Serafim, em Teresina, será palco da Marcha das Mulheres Negras do Piauí. Com o tema “Por Reparação e Bem Viver”, o ato faz parte de uma agenda coordenada nacionalmente pela Rede de Mulheres Negras do Nordeste e promete reunir militantes para reivindicar direitos e denunciar a exclusão histórica das mulheres negras no Brasil.
Segundo Halda Regina, Integrante do Comitê da Marcha, esta é a terceira edição do evento no estado. “No Piauí, nós já fizemos três marchas, em 2015, nós fizemos uma marcha local, em 2024, nós fizemos também. E vamos fazer agora em julho de 2025, mais uma marcha”, afirmou.
O tema escolhido neste ano, Reparação e Bem Viver, reflete antigas pautas do movimento negro. “Levando em consideração as discussões políticas que houveram por todo o Brasil, desde muito tempo, o movimento negro sempre lutou por reparação para que a gente possa ter vida digna para todas as pessoas e principalmente para as mulheres negras. Então, reparação no sentido da educação, da cultura no Brasil, reparação de terras, reparação que a gente vê, tem visto ultimamente o desrespeito às vezes na matriz africana, com as comunidades indígenas, com as comunidades quilombolas e também no sentido da reparação também simbólica. E todas as percas emocionais que tivemos nesse país, perca da família, do nome, da terra, da língua, perca das famílias, que foi todo esse processo de escravidão que houve no Brasil”, explicou Halda.
A Marcha das Mulheres Negras não conta com apoio financeiro de instituições ou de organizações. (Foto: reprodução/rede social)
A mobilização é feita com recursos limitados, sem apoio institucional de governos ou partidos políticos. “A Marcha não tem financiamento de instituições ou de organizações, a gente se organiza, se cotiza, esse ano a gente tem uma contribuição do fundo Babá, mas é uma contribuição pequena, mas geralmente a Marcha é realizada dessa forma, com as organizações, os sindicatos, quando contribui com o carro de som, a gente faz nossas faixas, a nossa maneira como faz, como o movimento mesmo faz, não tem participação política ou ajuda do governo, tem ajuda do próprio movimento, do próprio movimento de mulheres, independente se são mulheres negras ou não”, ressaltou.
Para ela, a Marcha é também um momento de articulação política e de fortalecimento das mulheres negras no estado e no país. “A Marcha é uma agenda política de reivindicação. É o momento também de se mobilizar as entidades negras e não negras e toda a população e mostrar que nós mulheres negras estamos conectadas, que estamos juntas e que estamos nessa luta por reparação e bem-viver, para que a gente possa apontar políticas que mudem a vida das mulheres negras do Brasil, do Nordeste, do Piauí”, comentou.
A integrante também destacou a principal dificuldade para reunir mais mulheres no ato, a sobrecarga cotidiana. “A dificuldade é a mobilização das mulheres, a gente sabe que as mulheres trabalham dia todo, elas não têm condição de participar de várias ações, mas a gente sabe que como é a dificuldade de mobilização dessas mulheres, a gente sabe que a marcha ganha repercussão quando ela se realiza na construção e também pós-marcha, porque a gente divulga o que aconteceu, o ato político que aconteceu e isso mesmo que as mulheres não estejam lá, mas o fato de elas saberem que existe uma massa, para a gente, a gente conta como positivo e é como se essa mulher também estivesse marchando conosco”, disse.
Segundo ela, a partir das marchas surgem outros coletivos de mulheres, outras mobilizações, outras formas de organizações, outras discussões, outras intervenções e outras incidências, pois as mulheres negras começam a ouvir outras mulheres negras e começam a reivindicar os seus direitos.
Halda reforça o caráter coletivo da marcha e o chamado para toda a sociedade. “A marcha é uma chamada para todos os movimentos sociais, todas as pessoas possam participar com a gente, fazer suas reivindicações, contribuir com as falas, e chamar atenção, é uma forma de chamar atenção do Estado para a situação das mulheres negras desse país, é uma forma de chamar atenção para o país, porque uma marcha quando ela acontece no Estado, ela não está falando apenas do Estado, ela está falando de uma estrutura política de racismo, de uma estrutura política que exclui principalmente a população negra, exclui principalmente as mulheres negras”, finaliza.
Centenas de mulheres de todo o estado participarão do evento. (Foto: reprodução/rede social)
A Marcha das Mulheres Negras do Piauí será realizada no dia 24 de julho, a partir das 16h, na Avenida Frei Serafim, em Teresina.