Arte e Cultura

REISADO

Grupos de reisado buscam inspirar jovens a manter tradições

Dia de Reis é comemorado neste 6 de janeiro

Da Redação

Segunda - 06/01/2025 às 10:00



Foto: Luciana Avellar Reisado
Reisado

Desde criança, Cícera Flatenara, de 27 anos, se encantava com as cores das roupas, as cantorias e a dança do reisado. Natural de Juazeiro do Norte (CE), ela é mestra dessa manifestação cultural que celebra o nascimento de Cristo e a visita dos Reis Magos. Para ela, o Dia de Reis, 6 de janeiro, tem dois significados: antes era apenas uma celebração, mas agora também é marcado pela dor. No ano passado, seu pai, mestre Cicinho, foi assassinado nesse dia, enquanto preparava o evento. Apesar da dor, Cícera se sente motivada a continuar o trabalho do pai e inspirar os jovens a manter viva a tradição do reisado.

Mestre Cicinho, que fazia parte do Reisado de Manuel Messias, ensinou Cícera tudo sobre a arte. Juntos, criaram o grupo “Mirim Santos Expedito”, com mais de 30 crianças e adolescentes. Cícera compartilha que o incentivo do pai e o amor pela cultura são o que mantém o reisado vivo. Ela também passa a tradição para seus filhos, com a esperança de que a cultura seja preservada por eles no futuro.

Mulheres, como Cícera, não eram comuns como mestres de reisado no passado. Seu pai foi um dos primeiros a incentivar a participação feminina. Hoje, Cícera se destaca nos jogos de espadas, uma dança tradicional do reisado, impressionando o público com suas habilidades. Mestre Antônio Candido, outro mestre da região, também ensina aos jovens a importância da tradição e compartilha com sua filha de 15 anos a experiência de participar do reisado.

Embora o reisado ainda seja uma tradição importante, especialmente durante o Natal, existem desafios para manter a prática viva. A tecnologia e a internet têm afastado os jovens de algumas manifestações culturais, dificultando a continuidade da tradição. Para mestre Nando, um dos maiores desafios é convencer os mais jovens a manterem o reisado vivo, e ele acredita que as escolas poderiam ser uma boa forma de atrair novos participantes.

Até mesmo em lugares distantes, como Esteio (RS), onde o reisado é conhecido como “terno de reis”, a preocupação com a tradição é grande. Gabriel Romano, um acordeonista de 37 anos, aprendeu a tradição com seu avô, mas teme que ela se perca com o tempo. Em seu grupo, ele tenta ensinar a seus filhos e aos jovens a importância da música e das apresentações, que ainda seguem o improviso, com músicas que falam sobre o nascimento de Cristo e buscam tocar os corações dos diferentes públicos.

Esses mestres e grupos lutam para preservar o reisado e garantir que as futuras gerações continuem a celebrar essa rica manifestação cultural.

Fonte: Agência Brasil

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