
TERESINA (PI) – Há 15 dias, Teresina vive um cenário de devastação imposto por dezenas de focos de incêndio. A fumaça espessa das queimadas já é parte da paisagem da capital, transformando o céu em uma extensa cortina cinza que cobre tanto a zona rural quanto a urbana. A região da Cacimba Velha é uma das mais críticas, com as chamas se iniciando nas proximidades do povoado Soinho, à margem da estrada, e avançando rapidamente para grandes áreas de mata adentro (veja o vídeo abaixo).
O que se vê no campo é um rastro de destruição: árvores carbonizadas, animais mortos e uma camada de fuligem cobrindo o solo. Embora a fumaça seja perceptível em toda a cidade, os maiores focos e prejuízos ambientais estão concentrados na zona rural. Nesta região da Cacimba Velha, a dificuldade de acesso em algumas áreas tem limitado a ação do Corpo de Bombeiros, tornando quase impossível conter todos os focos durante o período de seca intensa.
A recorrência desses incêndios não é novidade para os teresinenses. A época coincide com o B-R-O-Bró, fenômeno caracterizado pelo calor extremo e baixa umidade relativa do ar, que transforma a vegetação em combustível. No entanto, as investigações preliminares apontam que a ação do homem é um agravante decisivo.
"Muitos desses incêndios poderiam ser evitados. Alguns têm característica de ter sido incêndio provocado, porque a prática de usar o fogo para a limpeza de roças e terrenos ainda persiste, desafiando as orientações dos órgãos de defesa civil e meio ambiente", diz o climatologista Werton Costa, conhecido em Teresina como o "homem do tempo".
As leis e as mudanças climáticas
O cenário de calamidade se insere em um contexto global de mudanças climáticas, que intensificam eventos extremos, incluindo secas mais prolongadas e severas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que, em 2024, o Piauí registrou milhares de focos de calor, com um aumento significativo nos meses mais secos. O mesmo vem ocorrendo em 2025.
Os desastres naturais, outrora pontuais, tornam-se cada vez mais catastróficos. Em resposta à crise atual, o Governo do Estado aprovou recentemente na Assembleia Legislativa uma lei que endurece as penalidades para quem provoca incêndios criminosos em áreas de vegetação. A medida é um passo para tentar coibir uma prática que, somada aos fatores naturais, coloca em risco o bioma local e a saúde da população.
Especialistas alertam que, sem uma mudança de comportamento e a adoção de ações de preservação massivas por parte de todos, o futuro reserva cenários ainda mais dramáticos. A continuar a situação atual, as boas notícias para o planeta e para as próximas gerações serão cada vez mais escassas.
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