
A Praça Pedro II, localizada no coração de Teresina, amanheceu tomada por lixo espalhado pelas calçadas e ruas do Centro da capital, reflexo direto da paralisação dos garis iniciada nesta quinta-feira (10). Garrafas quebradas, sacos de lixo rasgados, copos descartáveis e restos de embalagens plásticas compõem o cenário de cãos, deixado pelo impacto do atraso no pagamento dos salários e a suspensão de benefícios aos trabalhadores da limpeza pública.
Após a paralisação, foi deflagrada a greve dos garis, em protesto contra a Prefeitura de Teresina devido a atrasos recorrentes nos pagamentos e a suspensão do vale-transporte, vale-alimentação e plano de saúde, compromete a coleta de resíduos na capital desde o início da manhã. A mobilização foi formalizada após negociações frustradas entre a categoria, a gestão municipal e o Consórcio Recicle/Aurora, responsável pelo serviço.
Origem da crise
A origem da crise está diretamente relacionada ao atraso nos repasses financeiros feitos pela Prefeitura ao Consórcio Recicle/Aurora, que, por sua vez, não realizou os pagamentos dos salários aos garis. A gestão municipal atribui a responsabilidade à empresa, que teria recusado a assinatura de instrumento legal necessário para liberação do pagamento referente a junho de 2025. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza (Sindlimp), Jonatas Miranda, em entrevista ao Portal Piauí Hoje, informou que a clase e a prefeitura estão buscando soluções junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região (TRT-22) para possibilitar o repasse direto dos valores aos trabalhadores e minimizar os impactos da paralisação.
A ausência da coleta de resíduos agrava o problema do acúmulo de lixo em áreas movimentadas da capital - Reprodução/Redes Sociais
Paralelamente, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de Teresina investiga irregularidades nos contratos emergenciais para a coleta e destinação de resíduos sólidos na capital. Em reunião extraordinária antecipada para esta quinta-feira (10), a CPI deliberou pela convocação do presidente da Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (Eturb), Vicente Moreira, e do representante do Consórcio Recicle/Aurora, ainda sem nome divulgado, para prestarem esclarecimentos sobre o impasse.
O presidente da CPI, vereador Fernando Lima (PDT), explicou que o convite para a presença dos responsáveis já foi encaminhado, com possibilidade de convocação formal caso não atendam espontaneamente. A comissão investiga a suspensão do edital emergencial para contratação de nova empresa de coleta, decisão tomada pelo Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) devido à ausência de estudo técnico e inconsistências na planilha orçamentária, o que deixou a Prefeitura sem alternativa imediata para substituir o consórcio.
Interrupção dos serviços
A greve desta quinta-feira sucede uma interrupção de 24 horas ocorrida na quarta-feira (9), organizada pelo Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Piauí (Seeacep), entidade que representa os trabalhadores.
Até o momento, a Prefeitura de Teresina não se manifestou publicamente sobre a convocação da CPI nem sobre a previsão de normalização do serviço de limpeza urbana. A população, por sua vez, segue convivendo com o acúmulo de lixo, especialmente em áreas centrais e de grande circulação, agravando o desconforto e os riscos sanitários na cidade.