
Com dois filhos de 40 e 42 anos, a aposentada Beatriz Barbara decidiu que queria engravidar novamente e deu à luz aos 63 anos, mesmo tendo passado por uma laqueadura e menopausa. Em março deste ano ela se tornou mãe de Caio após engravidar por fertilização in vitro, com um óvulo de doadora jovem e sêmen do marido, de 35 anos.
A história de Beatriz foi contada pelo Fantástico, da Rede Globo, no domingo (06), na nova série "Prazer, Renata – 60+", com a repórter Renata Ceribelli.
"Eu já tinha passado pela menopausa e por laqueadura. Então, essa possibilidade de ter filho, para mim era quase que impossível", relata Beatriz.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), o número de mulheres que recorrem a técnicas de fertilização in vitro (FIV) após os 40 anos aumentou mais de 30% na última década. Após os 45 anos, a taxa de sucesso da gravidez natural é extremamente baixa — inferior a 1% ao mês — devido à redução da qualidade e quantidade dos óvulos. Por isso, muitas mulheres nessa faixa etária recorrem à ovodoação, ou seja, à utilização de óvulos doados por mulheres mais jovens.
Beatriz contou que se casou com um homem mais novo que seus filhos, o Éder, de 35 anos. Eles se conheceram há sete anos, quando ela tinha 27 anos e ela 56. Depois, o casal planejou ter um filho. Ela disse que já recebeu muitas críticas por ter tido filho nesta idade.
"Falam que é egoísmo. Que a gente vai morrer, vai faltar, vai deixar o filho sem mãe. Mas a gente não sabe dos planos de Deus, já que ele me deu esse bebê, ele vai deixar a gente conviver bom tempo. E eu penso que isso vai ser até motivo para eu cuidar mais de mim, da minha saúde e ter uma longevidade maior", rebate.
Beatriz e o esposo Eder / Foto: Reprodução - Fantástico
Segundo o IBGE, entre 2000 e 2023 a população com mais de 60 anos no Brasil dobrou. Pela primeira vez, há mais idosos do que jovens entre 15 e 24 anos. A projeção é que, até 2030, o número de pessoas com 60+ ultrapasse o de crianças e adolescentes.
O médico gerontologista Alexandre Kalache, de 79 anos, disse que o envelhecimento deixou de ser uma exceção:
"A minha geração, quando nasci, esperava viver 46 anos. Hoje, está em 77. Há uma diferença de você falar velhice e longevidade. O que eu ganhei ao longo da minha vida não são 31 anos de velhice, são 31 anos de vida", afirma Kalache.
A pesquisadora Layla Vallias, de 34 anos, estuda o impacto da longevidade. Para ela, o que antes era sinônimo de fim, hoje é sinônimo de escolha.
"A palavra era se aposentar da vida, ficar restrito a um aposento da casa. A única velhice possível era aquela de ficar parado, em casa, de pijama, na frente da TV."
Fonte: Fantástico