
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) encaminhe à Corte as conversas de WhatsApp entre o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e a vereadora Marielle Franco, referentes ao período imediatamente anterior ao assassinato da parlamentar, ocorrido em março de 2018.
Marielle Franco foi assassinada em 14 de março de 2018, após sair de um evento na Casa das Pretas, no Estácio, centro do Rio de Janeiro. A vereadora foi atingida por quatro tiros, enquanto seu motorista, Anderson Gomes, levou três tiros nas costas. Fernanda Chaves, assessora de Marielle e única sobrevivente, foi atingida por estilhaços.
A decisão de Moraes atende a um pedido da defesa de Barbosa, que alega que as mensagens podem demonstrar que ele mantinha um bom relacionamento com Marielle e não tinha ligação com os mandantes do crime. Além das conversas com a vereadora, a defesa solicitou o fornecimento de trocas de mensagens entre Barbosa e o general do Exército Richard Nunes, bem como com os delegados da Polícia Civil do Rio Giniton Lages, Daniel Rosa e Brenno Carnevale.
"Tais pedidos são pertinentes, relacionando-se diretamente com a instrução realizada, razão pela qual devem ser deferidos", escreveu Moraes na decisão. O ministro também determinou a anexação do inquérito sobre a morte do ex-policial André Henrique da Silva Souza, conhecido como André Zóio, morto por envolvimento com milícias. Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, também é acusado desse crime.
Entretanto, outros pedidos da defesa foram negados, incluindo o acesso ao inquérito que investiga o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal e a solicitação de um exame clínico para avaliar possíveis "transtornos psiquiátricos" de Ronnie Lessa.
Condenações anteriores
Em outubro de 2024, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram condenados a 78 anos e 9 meses e 59 anos e 8 meses de prisão, respectivamente, em regime fechado, por duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação.
Lessa afirmou que a execução foi motivada para proteger interesses econômicos de milícias e acusou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como mandantes do crime. O delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio na época dos assassinatos, é acusado de ter prejudicado as investigações. Os três estão presos desde março de 2024. Há um processo paralelo no STF que julga os irmãos Brazão e o delegado Barbosa como mandantes.
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Fonte: O Globo