Carlos Marighella, político, guerrilheiro e poeta, e sua companheira, Clara Charf, viveram por um período no bairro de Nazaré, em Salvador. Agora, o local onde moraram será transformado na sede do Instituto Carlos Marighella, um espaço dedicado a atividades culturais e formação política. Este projeto, defendido há anos por ativistas e organizações civis, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi anunciado em um evento realizado nesta segunda-feira (4), em São Paulo, no Armazém do Campo, no bairro de Campos Elíseos, para homenagear Marighella no endereço onde foi assassinado, na Alameda Casa Branca, por agentes da ditadura militar.
Carlos Marighella, natural de Salvador, foi líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), movimento de resistência armada contra a ditadura. Sua militância começou ainda jovem, como estudante de engenharia, no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Co-fundador da ALN, com outras lideranças, como o radialista José Luiz Del Roio, Marighella buscou combater o regime através da luta armada, um caminho que lhe trouxe sofrimento, como torturas e prisões.
Em 1936, aos 24 anos, Marighella sofreu sua primeira tortura, com os pés queimados por maçarico. Ele passou um ano preso e, após anistia, mudou-se para São Paulo, onde foi eleito deputado em 1946, mas teve seu mandato cassado. Em 1964, após o golpe militar, resistiu a uma tentativa de prisão no Rio de Janeiro, sendo baleado. Em 1968, fundou a ALN e deu início às operações de guerrilha urbana.
Marighella é lembrado por episódios marcantes, como o sequestro do embaixador dos Estados Unidos em parceria com o MR-8. Ele foi executado em 4 de novembro de 1969, durante uma emboscada do DOPS em São Paulo. Sua trajetória e legado são preservados por figuras como José Luiz Del Roio, que se autodenomina um “operador da memória” e defende a importância de coletivizar essas lembranças para a construção da memória histórica e social do Brasil.
Veja o Memorial da Resistência.
Fonte: Agência Brasil